terça-feira, 9 de setembro de 2014

A importância do voto


Leia as reflexões sobre o assunto, apresentadas a seguir, e desenvolva uma dissertação em que você exponha e defenda com argumentos a sua posição sobre o significado das eleições num regime democrático e sobre o uso do voto como forma de protesto. Considere ainda a foto que ilustra o tema e as informações fornecidas em sua legenda.


O músico Carlinhos Brown, em campanha publicitária que convoca o cidadão a participar das eleições, para evitar um número elevado de ausências. O voto, no Brasil, é obrigatório, mas é fácil justificar a ausência e a multa pelo não cumprimento da obrigação é muito pequena.

CIDADANIA SE FAZ COM O VOTO CONSCIENTE

Em tempos de eleições diretas, é oportuna a seguinte pergunta: é possível exercer o chamado voto consciente? A resposta, em linhas gerais, é sim! O voto consciente é aquele que é direcionado ao candidato ou à candidata que julgamos ser o(a) melhor para governar e legislar em prol de todos os votantes. Para muitos, na atual conjuntura, o voto consciente é aquele que é direcionado ao menos ruim e não ao melhor. Independentemente de suas peculiaridades, o voto consciente, ou de qualquer outra natureza, é, sim, um ato de exercício da cidadania.
Por mais difícil e complexo que seja o quadro de representantes exposto para nossa escolha, o sufrágio [voto] é fundamental para o fortalecimento de qualquer democracia. Décadas de regime militar privaram os brasileiros deste direito. O movimento público pelas Diretas Já [lembra-se?] foi um marco histórico na história republicana brasileira. Neste contexto, a pregação em prol do voto nulo ou voto em branco é mais uma manifestação de revolta ou indignação do que de consciência cívica.
Entretanto, não se pode julgar quem opta por estes tipos de votos. Afinal, a democracia é parte de uma sociedade pluralista e multifacetada, pelo menos teoricamente. De todo modo, as eleições para cargos públicos mexem com o cotidiano das localidades onde serão realizadas. É um tempo em que diferenças vêm à tona, contradições são exploradas, falhas são mencionadas, conquistas são relatadas, alianças políticas são costuradas e desavenças são praticadas. Neste emaranhado de acontecimentos, a população se vê em meio a um bombardeio de coisas boas e ruins [com mais ênfase, normalmente, para as últimas].
Apesar de tudo isso, ter o direito de escolher os nossos representantes foi uma das maiores conquistas democráticas conseguidas. Qualquer democracia do mundo não pode se furtar desta condição. Eu sei que muitos brasileiros [talvez uma grande parcela] são contra a obrigatoriedade do voto. Tudo bem! Não vamos entrar em uma interminável polêmica. No entanto, quem não escolhe ou não tem o direito de escolher não pode cobrar com legitimidade o seu representante. O cerceamento deste direito é um ato contra qualquer princípio democrático.
Bom, voltando ao foco central deste texto, o voto consciente precisa ser exercido, de fato, com os famosos pés-no-chão. Não se vota com consciência sob influência de terceiros. A consciência, neste caso, tem que ser individual. A grande responsabilidade cabe a cada eleitor. A cidadania só é legitimada pelo voto direto à medida que o eleitor não seja influenciado por postulantes a cargos públicos que fazem do pleito eleitoral um momento de exercer a sua arrogância e a sua vontade de satisfação privada estimulada pelo poder e pela influência negativa que, via de regra, são itens presentes em boa parte das candidaturas existentes em várias localidades brasileiras.
Por fim, quero manifestar o meu apoio aos eleitores que, como eu, têm a consciência da importância de se votar com segurança e conscientemente. Mesmo sabendo que esta é uma tarefa complicada, não podemos nos furtar deste direito que nos foi concedido depois de várias manifestações e reinvidicações da própria sociedade. Votar é preciso, mas, de preferência, com consciência!
(Paulo Rogério dos Santos Lima - disponível em: http://www.culturatura.com.br/artigos/paulo.voto.htm)


Voto nulo não corrige problemas

Entendamo-nos, primeiro, quanto aos conceitos, uma vez que a pergunta comporta pelo menos duas interpretações bem distintas. No sentido legal e moral, a resposta só pode ser positiva; o voto nulo é tão válido como qualquer outro. O cidadão vota como quer; este é um princípio "sine qua non" da democracia. No regime democrático, por definição, inexistem instâncias com legitimidade para forçá-lo a escolher desta ou daquela forma.
A questão que ora nos ocupa é portanto de ordem prática: qual é, em comparação com outras estratégias de protesto, a eficácia do voto nulo? Em que medida e sob que circunstâncias ele produz realmente o efeito desejado? É claro que em situações falsamente democráticas ou marcadamente ditatoriais o voto de protesto pode valer mais que a escolha substantiva.
(...)
A questão a considerar é, pois, o objetivo dos proponentes do voto nulo. Protestar contra o quê, exatamente? Uma razão amiúde invocada para o protesto é o desgaste das instituições, nos três ramos do governo. O desgaste de fato existe e se deve a uma infinidade de razões. O Congresso atual alterna momentos de omissão, de anarquia e de subserviência ao Executivo, desservindo o interesse público nos três casos. Episódios de corrupção multiplicam-se nos três Poderes, numa sucessão interminável. É um estado de coisas lastimável, mas a contribuição do voto nulo à correção dele é rigorosamente zero. Neste caso, nada há na anulação que se possa chamar de público --ou seja, de político, no melhor sentido da palavra. Nas condições do momento, ele apenas exprime um mal-estar subjetivo, difuso, de caráter individual. Qualquer que seja seu peso nos números finais da eleição, ele será apenas uma soma desses mal-estares e da apatia que deles decorre.
[Folha de S. Paulo, 12/07/2014]

Alternativa de protesto

Não concordo com o sistema de representação política do Brasil. Que faço? Visto uma camisa encobrindo a cara e quebro alguma loja? Ou pago uma grana para ir a um estádio para xingar a presidente? Minha alternativa de protesto é o voto nulo. Não garanto que seja um gesto mais civilizado que as opções anteriores, mas certamente combina com minha preguiça de partir para violência física e com meu apego cômico de não desperdiçar palavrões.
Na hora de divulgar os resultados, reais ou de pesquisas, a imprensa costuma somar os votos nulos e brancos. O significado dos dois é diferente. O voto nulo é, em princípio, um protesto, inclusive contra o próprio processo eleitoral. Já o voto branco diz que o eleitor concorda com a decisão da maioria.
(...)
Votar nulo não se trata de atacar o governo ou a oposição, mas o sistema político inteiro, dizendo não à promiscuidade partidária que confunde o eleitor com essa miscelânea de acordos nacionais e regionais que querem reduzir a cidadania a uma negociata por horários na TV.
Quem defende o voto nulo não tem espaço no horário nobre para se manifestar. Isso é democracia?
Basta dar um Google para ver que a Constituição de 88 está remendada, e não é preciso ser muito esperto para saber que os políticos jamais farão uma reforma política que altere as regras de um jogo no qual somente eles estão se dando bem.
Qual a maneira de contestar? Votar nulo! Sempre que defendo o voto nulo, ouço aquela ladainha do fantasma da ditadura que pode voltar e a fatal pergunta do que teria a ganhar anulando meu voto. Bem sei que não quero nenhuma ditadura, mas também sei que essa democracia que aí está não me representa.
[Folha de S. Paulo, 12/07/2014]

domingo, 27 de abril de 2014

Temas de Redação 2º C


Tema 1: Maioridade Penal

As discussões em torno da legitimidade da redução ou não da maioridade penal no Brasil sempre estão em voga. No entanto, nunca houve um consenso acerca da questão. Afinal, será que reduzir a maioridade penal irá reduzir os índices de violência praticada por “menores infratores”? Será que enviá-los para penitenciárias mais cedo irá mudar essa realidade? O que sabemos de fato é que presídios estão cada vez mais cheios e não conseguem mudar a realidade de infratores. Mas se algo não for feito para mudar esses índices cada vez mais alarmantes de violência praticada por crianças e adolescentes, a situação só irá piorar. Qual serão então as melhores soluções?
Reflita sobre essas questões e defenda um posicionamento claro e bem fundamentado acerca a Redução ou não da Maioridade Penal no Brasil. Leve em consideração os textos apresentados na coletânea para nortear suas ideias, mobilize argumentos bem fundamentados que levem seu texto a ir além do senso comum e realizar uma crítica análise da problemática imposta.

"A legislação brasileira sobre a maioridade penal entende que o menor deve receber tratamento diferenciado daquele aplicado ao adulto. Estabelece que o menor de 18 anos não possui desenvolvimento mental completo para compreender o caráter ilícito de seus atos. Adota o sistema biológico, em que é considerada somente a idade do jovem, independentemente de sua capacidade psíquica. Em países como Estados Unidos e Inglaterra não existe idade mínima para a aplicação de penas. Nesses países são levadas em conta a índole do criminoso, tenha a idade que tiver, e sua consciência a respeito da gravidade do ato que cometeu. Em Portugal e na Argentina, o jovem atinge a maioridade penal aos 16 anos. Na Alemanha, a idade-limite é 14 anos e na Índia, 7 anos." [Leia na íntegra - Veja]

"Pesquisa do Instituto DataSenado publicada em outubro apontou que 89% dos 1.232 cidadãos entrevistados querem imputar crimes aos adolescentes que os cometerem. De acordo com a enquete, 35% fixaram 16 anos como idade mínima para que uma pessoa possa ter a mesma condenação de um adulto; 18% apontaram 14 anos e 16% responderam 12 anos. Houve ainda 20% que disseram "qualquer idade", defendendo que qualquer pessoa, independente da sua idade, deve ser julgada e, se for o caso, condenada como um adulto. (...). - Manter em 18 anos o limite para a condição de imputabilidade é ignorar o desenvolvimento mental dos nossos jovens. A redução da maioridade, por si só, não resolveria os nossos graves problemas de segurança pública. Entretanto, seria uma boa contribuição, pois os jovens, em função da impunidade, sentem-se incentivados à prática do crime - disse Cassol, no Plenário, ao apresentar a proposta." [Leia na íntegra - Brasil 247]

"O sensacionalismo seduz, mas não responde à lógica: o fato de os adultos já serem processados criminalmente não tem evitado que pratiquem crimes. Por que isso aconteceria com os adolescentes? A ideia de que a criminalidade está vinculada a uma espécie de “sensação da impunidade” jamais se demonstrou, tanto mais que a prática de crimes tem crescido junto com a encarcerização. A tese oculta uma importante variável: o fator altamente criminógeno do ambiente prisional, que é ainda maior quando se trata de jovens em crescimento." [Leia na íntegra - Blog do Miro]


Tema 2: Legalização da Maconha

A utilização da maconha tem sido alvo cada vez mais freqüente de polêmicas, artigos e debates. Há, por exemplo, amplo respaldo médico sobre os efeitos devastadores da maconha no cérebro. Segundo muitos cientistas, ela vicia, sim, e encaminha o usuário para drogas mais pesadas. Por outro lado, existem estudos científicos que propõem o uso medicamentoso da maconha, mesmo que de forma contínua. Há também quem a compare ao álcool e defenda a legalização de seu uso recreativo. Além disso, para alguns, uma eventual descriminalização da maconha seria um modo de pôr fim ao tráfico e a violência por ele gerada. O que você pensa disso?
Reflita sobre essas questões e defenda um posicionamento claro e bem fundamentado acerca do tema: "O uso da maconha deve ou não ser legalizado?" Leve em consideração os textos apresentados na coletânea para nortear suas ideias, mobilize argumentos bem fundamentados que levem seu texto a ir além do senso comum e realizar uma crítica análise da problemática imposta.


Maconha não é droga leve
"A maioria dos que usam maconha justifica seu uso dizendo que ela faz menos mal que álcool e cigarro. Não há por que fazer comparações, saber qual é a pior ou a menos má. O casamento com a maconha é sempre destrutivo. A droga tem uma substância química chamada ácido delta-9-tetraidrocanabinol (THC), que lentamente mina as capacidades intelectuais: compromete a atenção, a concentração e a memória. Produz uma apatia que não é própria da adolescência. O jovem prefere ficar sozinho a estar com amigos não-usuários. Mas o usuário vive se iludindo em dizer "que fuma porque quer e pára quando quiser."
[Içami Tiba, psiquiatra, terapeuta e escritor, no livro "Juventude e Drogas: Anjos Caídos". São Paulo: Integrare, 2007].


Bicho de sete cabeças
José Cruz/ABrManifestação pela legalização da maconha diante do Palácio do Planalto em Brasília (DF)
"A erva maldita está se transformando em erva de charme. (...) O baseado - ou beck, ralf, mingote, jererê, conforme se chama por região do país ou mesmo geração - está na boca do povo. Na televisão, é zapear pelos canais para encontrar referências ou debates sobre o tema.(...) No cinema, filmes como o brasileiro "Bicho de 7 Cabeças" ou o inglês "O Barato de Grace" ajudam a acender, pelo país afora, a polêmica que ronda o assunto. Nas bancas, revistas científicas, como "Galileu", ou focadas no público jovem, como Trip, esgotam a tiragem ao dedicar páginas à discussão médica e jurídica que envolve a droga."
[Revista Época. Edição 183, 19/11/2001]

A lei, do jeito que está, não funciona
"Vigora no país uma lei que vale só para alguns.(...). Se você é pobre e é pego com maconha, vai preso. Se é rico, é possível que a polícia nem o incomode, para evitar problemas - vai que você é filho de alguém importante. Ou, quem sabe, um subornozinho livre sua cara. Se você é grande traficante, fique sossegado. Se é pequeno traficante, ai, ai, ai. Se o delegado está de bom humor, você é usuário; se está de mau humor, é traficante - tão vaga é a tipificação dos crimes. E, se você quiser discutir o assunto a sério, é acusado de incitar um crime. Em resumo, a lei, do jeito que está, não funciona.
[Soninha Francine, depois de sua demissão da TV Cultura, em 2001,por ter assumido que fumava maconha.]

Holanda proíbe cigarro mas permite maconha
"Desde primeiro de julho de 2008 é proibido fumar cigarros em bares, cafés e restaurantes. Quer dizer, fumar cigarro comum, de tabaco. Consumir maconha e haxixe continua podendo. (...) As drogas são vendidas e consumidas na quantidade máxima de 5 gramas por pessoa, nos cerca de 750 cafés da Holanda (metade em Amsterdã). Esses estabelecimentos são beneficiados pela chamadagedoogbeleid, a política de tolerância do Ministério da Justiça em relação às chamadas drogas leves.
[Revista VEJA. Edição de 9/7/2008]

terça-feira, 22 de abril de 2014

Temas de Redação 2º A \ 2º B


Tema 1: Juventude e alcoolismo: um problema social

As bebidas alcoólicas pertencem ao grupo das drogas lícitas mais consumidas no Brasil. O comportamento festivo do brasileiro sempre foi regado a muito álcool: caipirinha na praia, cerveja no futebol, coquetel na balada. O problema é que os jovens estão começando a beber cada vez mais cedo. Uma pesquisa da Unifesp sobre o consumo de bebidas alcoólicas por estudantes de ensino médio reacendeu a discussão sobre o tema. Que razões levam o jovem ao consumo de álcool? Quais os problemas decorrentes disso? Por que a lei que proíbe a venda de bebidas a menores de idade não é cumprida? Qual a responsabilidade da família, da sociedade e do governo diante desse problema?

Reflita sobre essas questões e elabore uma dissertação argumentativa com o tema: Juventude e alcoolismo: um problema social. Leve em consideração os textos apresentados na coletânea para nortear suas ideias, mobilize argumentos bem fundamentados que levem seu texto a ir além do senso comum e realizar uma crítica análise da problemática imposta.


Drogas na adolescência: Temores e reação dos pais
O uso de drogas na adolescência é um tema que preocupa famílias, educadores e profissionais da saúde. O interesse dos pesquisadores por esse assunto tem aumentado muito nas ultimas décadas. Os estudos investigam desde a idade em que ocorreu o primeiro uso até as principais influências ou fatores de risco para o estabelecimento do comportamento de consumo de substâncias, e os aspectos familiares envolvidos no processo.

A precocidade do início do uso de álcool e outras drogas também tem sido alvo de preocupação. Vários estudos indicam que crianças e adolescentes estão iniciando cada vez mais cedo o uso destas substâncias.

Alguns dos fatores fortemente associados ao uso de drogas por adolescentes são: a facilidade de obtenção e o consumo de drogas pelos amigos. Na adolescência, a necessidade de fazer parte de um grupo assume grande importância, pois ajuda na afirmação da própria identidade, aumenta as opções de lazer e reduz a solidão. As atitudes assumidas pelo grupo passam a ser tão ou mais importantes do que alguns valores familiares, pois dele vem parte do suporte emocional e a aceitação pelos outros componentes reforça a auto-estima.

Existem inúmeros fatores relacionados ao início do uso de álcool e outras drogas, mas o aspecto familiar e o relacionamento com amigos têm recebido maior atenção. A presença de conflitos familiares e a influência dos amigos estão associadas ao aumento do risco para o uso de drogas.


O presente artigo publicado pela Revista Psicologia: Teoria e Pratica investigou quais são os principais temores de pais de adolescentes e o que eles sentem em relação ao uso de drogas e ao futuro dos filhos. Avaliou também as reações frente ao problema, de forma que estes resultados pudessem contribuir para a elaboração de programas preventivos. Para isso foram entrevistados 87 pais de adolescentes, todos moradores da cidade de São Paulo, com filhos adolescentes estudantes com idade entre 12 e 19 anos.


Os resultados mostram que a média de idade dos pais foi 42 anos, sendo que.73% eram do sexo feminino; 71% estavam casados e 26% separados; 64% moravam em casa própria. Quanto à religião, 64% eram católicos. Em relação à escolaridade, 73% tinham curso superior; 88% estavam empregados e 72% tinham renda familiar acima de 8 salários mínimos.


Dos pais entrevistados 91% afirmaram conversar com os filhos sobre álcool, 78% sobre cigarro e 61% sobre inalantes. Sobre as drogas ilícitas, 80% dos pais afirmaram conversar sobre maconha e 68% sobre cocaína. O conteúdo das conversas é meramente informativo ou restringe-se ao compartilhamento dos temores pelas possíveis consequências do uso de drogas. Esse tipo de comunicação pode não ser uma forma efetiva de prevenção e, ao contrário, pode gerar sobre os filhos certa ansiedade e medo dos pais.

Os pais relataram bastante preocupação com o futuro de seus filhos, no que diz respeito às drogas. Foram observados dois tipos principais de temor: os relacionados ao mundo externo (influências de amigos e marginalidade) e os relacionados às consequências pessoais do uso (dependência, overdose, internações).

Diante do uso de drogas lícitas, os pais afirmam que conversariam com os filhos e encarariam o consumo com maior naturalidade. Já no caso de uso de drogas ilícitas, a maioria confessou que brigariam verbalmente.

Embora seja senso comum a percepção do temor e da preocupação dos pais em relação à presença da droga na vida dos filhos, na literatura especializada são escassos os estudos que abordam esses aspectos. Os trabalhos recentes sobre prevenção ao uso de drogas têm demonstrado a pouca efetividade dos modelos baseados apenas na divulgação de informações ou no amedrontamento. È importante que programas de prevenção tenham como meta a promoção do bem estar e da competência dos adolescentes para lidar com situações de risco, incluir a participação de pais e educadores no processo.
(Texto resumido pelo OBID a partir do original publicado pela Revista Psicologia: Teoria e Prática, 2006, vol.8 (Supl 1): pág. 41-54. Editado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. ISSN 1516-3687 Fonte: OBID)



Tema 2: Maioridade Penal

As discussões em torno da legitimidade da redução ou não da maioridade penal no Brasil sempre estão em voga. No entanto, nunca houve um consenso acerca da questão. Afinal, será que reduzir a maioridade penal irá reduzir os índices de violência praticada por “menores infratores”? Será que enviá-los para penitenciárias mais cedo irá mudar essa realidade? O que sabemos de fato é que presídios estão cada vez mais cheios e não conseguem mudar a realidade de infratores. Mas se algo não for feito para mudar esses índices cada vez mais alarmantes de violência praticada por crianças e adolescentes, a situação só irá piorar. Qual serão então as melhores soluções?

Reflita sobre essas questões e defenda um posicionamento claro e bem fundamentado acerca da Redução ou não da Maioridade Penal no Brasil. Leve em consideração os textos apresentados na coletânea para nortear suas ideias, mobilize argumentos bem fundamentados que levem seu texto a ir além do senso comum e realizar uma crítica análise da problemática imposta.

"A legislação brasileira sobre a maioridade penal entende que o menor deve receber tratamento diferenciado daquele aplicado ao adulto. Estabelece que o menor de 18 anos não possui desenvolvimento mental completo para compreender o caráter ilícito de seus atos. Adota o sistema biológico, em que é considerada somente a idade do jovem, independentemente de sua capacidade psíquica. Em países como Estados Unidos e Inglaterra não existe idade mínima para a aplicação de penas. Nesses países são levadas em conta a índole do criminoso, tenha a idade que tiver, e sua consciência a respeito da gravidade do ato que cometeu. Em Portugal e na Argentina, o jovem atinge a maioridade penal aos 16 anos. Na Alemanha, a idade-limite é 14 anos e na Índia, 7 anos." [Leia na íntegra - Veja]

"Pesquisa do Instituto DataSenado publicada em outubro apontou que 89% dos 1.232 cidadãos entrevistados querem imputar crimes aos adolescentes que os cometerem. De acordo com a enquete, 35% fixaram 16 anos como idade mínima para que uma pessoa possa ter a mesma condenação de um adulto; 18% apontaram 14 anos e 16% responderam 12 anos. Houve ainda 20% que disseram "qualquer idade", defendendo que qualquer pessoa, independente da sua idade, deve ser julgada e, se for o caso, condenada como um adulto. (...). - Manter em 18 anos o limite para a condição de imputabilidade é ignorar o desenvolvimento mental dos nossos jovens. A redução da maioridade, por si só, não resolveria os nossos graves problemas de segurança pública. Entretanto, seria uma boa contribuição, pois os jovens, em função da impunidade, sentem-se incentivados à prática do crime - disse Cassol, no Plenário, ao apresentar a proposta." [Leia na íntegra - Brasil 247]

"O sensacionalismo seduz, mas não responde à lógica: o fato de os adultos já serem processados criminalmente não tem evitado que pratiquem crimes. Por que isso aconteceria com os adolescentes? A ideia de que a criminalidade está vinculada a uma espécie de “sensação da impunidade” jamais se demonstrou, tanto mais que a prática de crimes tem crescido junto com a encarcerização. A tese oculta uma importante variável: o fator altamente criminógeno do ambiente prisional, que é ainda maior quando se trata de jovens em crescimento." [Leia na íntegra - Blog do Miro]

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Proposta de redação sobre: “Rolezinho: o que ele revela sobre o Brasil?"

Com base na leitura dos textos motivadores, charges, vídeo e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da Língua Portuguesa sobre o seguinte tema: “Rolezinho: o que ele revela sobre o Brasil?"

Leve em consideração as ideias oferecidas pela coletânea a seguir, mobilize argumentos, levante fatos, dados, exemplos que levem seu texto a ir além do senso comum e realizar uma crítica análise da problemática imposta.


Decifrando os rolezinhos
Jornal O Globo
Denis Lerrer Rosenfield
Publicado: 
Atualizado: 
[...]Note-se que, nas jornadas de junho, os jovens se manifestaram nas ruas, que é o local mais adequado para esse tipo de mobilização. Não houve, em seu primeiro momento, nenhuma conotação anticapitalista, mas sim, pelo contrário, uma indignação apartidária em relação aos governos federal, estaduais e municipais, pela péssima qualidade dos serviços públicos. Ademais, havia uma clara insatisfação em relação aos partidos políticos e movimentos sociais organizados.
Agora, há uma diferença essencial. As manifestações estão sendo feitas em shopping centers, que são locais privados, empresariais. Isto é, os manifestantes, mesmo os genuínos rolezinhos, apesar de gostarem de roupas de grife, já se dirigem a estabelecimentos privados, apagando a distinção entre o público e o privado. De um lado, identificam-se com a economia de mercado e o consumo, procurando ter mais de seus produtos; são pró-capitalistas nesta perspectiva. De outro lado, não respeitam a propriedade privada.
Neste sentido, eles se tornam uma massa de manobra de alto potencial de manipulação, pois são mais facilmente dirigidos contra um “símbolo” do capitalismo e do consumo, como que é o caso dos shopping centers. Observe-se que os representantes da esquerda governamental logo fizeram declarações contra a “discriminação racial”, a favor dos “excluídos” que não seriam tolerados pelas “elites”, contra os “conservadores” e assim por diante. Eles procuraram imediatamente se colocar junto aos “rolezinhos” visando a cooptá-los e, na verdade, a arregimentá-los às suas hostes. Estaria em curso um processo de apropriação dos rolezinhos na perspectiva dos movimentos sociais organizados, estilo sem-teto/MST, CUT, UNE e outros congêneres.
O que está hoje em foco é toda uma campanha de formação da opinião pública de parte desses grupos mais à esquerda, visando a criar uma mentalidade contrária aos shopping centers, que sirva de base às ações de ocupação/invasão. É como se os shoppings se colocassem de forma contrária à liberdade constitucional de ir e vir. Vejamos os termos desta falácia:
— Corredores de shoppings não podem ser equiparados a ruas ou praças, os primeiros sendo locais que pertencem a empresas, enquanto os segundos são locais públicos. Não se pode confundir um local com acesso público com um local público.
— Se os corredores de shoppings são “ocupados” por correrias e grupos de centenas ou milhares de pessoas correndo de um lugar para outro, os frequentadores habituais desses estabelecimentos privados não possuem mais nenhuma liberdade de ir e vir.
— Corredores de shoppings não são pensados como locais para manifestações públicas, estando voltados para sua atividade fim, que é comercial. Não se pode a eles aplicar a lógica das ruas e praças que obedecem, isto sim, a outras finalidades.
— Mesmo no caso de ruas, por exemplo, o Poder Público não permite que elas sejam aleatoriamente “ocupadas” por centenas e milhares de manifestantes, precisamente por impedirem a liberdade de ir e vir de outros cidadãos. Se isto não vale nem para as ruas, por que valeria para os shoppings?
— Os tumultos ocasionados por essas manifestações em shoppings, além de desrespeitarem a liberdade de ir e vir dos frequentadores habituais de shoppings, podem suscitar medo em pessoas que lá passeiam com crianças. O mesmo ocorre com idosos, que podem se sentir ameaçados por jovens que correm de um lugar para outro.
Há uma questão da maior relevância, relativa à construção e arquitetura dos shoppings, planejados para serem visitados por um número médio determinado de pessoas, segundo um desenho específico. Não são pensados para abrigarem manifestações públicas. A sua arquitetura não permite uma invasão de milhares de pessoas para correrem em seus interiores, cantando e criando tumulto. Para este efeito, não importa que sejam jovens, idosos, brancos, negros, homens ou mulheres. Não há aqui nenhuma questão de discriminação, mas tão somente de quantidade e de forma de manifestação.
Cuidado com a ótica ideológica, ela pode obliterar a visão!

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/decifrando-os-rolezinhos-11401425#ixzz2uMq2XDoy 
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O que a imprensa internacional diz sobre os rolezinhos, ou "little strolls"
REDAÇÃO ÉPOCA
17/01/2014 17h00 - Atualizado em 17/01/2014 17h24

Os rolezinhos se espalharam por São Paulo, chamaram a atenção da imprensa nacional e agora estão nas páginas dos principais jornais do mundo. Ora se referindo a "flash mobs", ora a "little strolls", a imprensa internacional publicou textos tentando explicar o fênomeno brasileiro, desde as reuniões massivas de jovens nos Shoppings de São Paulo e a cultura da periferia até o medo de lojistas e comerciantes.
Os rolezinhos são reuniões informais, marcadas via redes sociais, como o Facebook, por jovens das periferias nos shoppings em São Paulo. Os primeiros rolezinhos foram marcados no final do ano passado. No dia 7 de dezembro, no Shopping Itaquera, na zona leste da capital, mais de 6 mil jovens se reuniram para "dar um rolê" - e ao mesmo tempo deixando lojista em pânico. Após outros rolezinhos, shoppings conseguiram ordens judiciais proibindo o evento.
A Bloomberg explica o fênomeno dizendo que eles são causados em parte pela falta de espaços públicos de lazer em São Paulo. Eles conversaram com Jefferson Luis, um dos criadores de um evento de rolezinho no Facebook. "Os jovens querem demonstrar que têm o mesmo direito de visitar os shoppings que as classes mais altas", disse.
Por ser um veículo voltado para o mundo dos negócios, a Bloomberg também optou por falar dos riscos para os shoppings. Ela cita um analista do banco JP Morgan sobre o medo dos lojistas e o risco de grupos radicais, como os Black Blocs, se juntarem a multidão gerada pelos rolezinhos. "Qualquer tipo de movimento que saia um pouco do controle gera medo de atrair grupos mais agressivos. A possibilidade de um dano indireto - que não foi visto ainda - seria afastar consumidores dos shoppings". A matéria também lembra as manifestações de junho, que derrubaram a popularidade da presidente Dilma Rousseff.
Outros veículos preferiram relacionar o caso com a cultura associada a periferia das grandes cidades brasileiras. A revista americanca The Atlantic fez a ligação dos rolezinhos com o funk ostentação. A Atlantic entrevistou o ex-subprefeito de Cidade Tiradentes Renato Barreido. "Os jovens aspiram carros e bebidas, um sinal de uma geração que, apesar de ainda pobre, está mais integrada ao capitalismo".
Segundo a revista, a recente lei sancionada pelo prefeito Fernando Haddad pode estar relacionada com os rolezinhos. A lei, que foi apelidada de Lei do Pancadão, prevê multa, que varia entre R$ 1 mil e R$ 4 mil, para donos de carros com som alto na rua. O texto é interpretado como uma forma de coibir bailes funk que ocorrem nas ruas. "A nova lei parece estar alimentando um sentimento crescente entre os jovens da periferia de que não há nenhum lugar para eles irem", diz a revista.
Já o espanhol El Pais entrevistou quatro intelectuais brasileiros e publicou um texto ligando a repressão aos rolezinhos às desigualdades sociais e ao racismo no Brasil. "O Brasil coleciona histórias de discriminações nos centros comerciais", diz o jornal, lembrando casos como o domúsico cubano Pedro Damian Bandera Izquierdo, que acusou o Shopping Cidade Jardim de racismo e discriminação e ganhou uma indenização na Justiça. "O rolezinho chama a atenção para o fato de que o Brasil é um país racista", diz Paulo Lins, autor do livro Cidade de Deus, ao jornal espanhol.
Um dos jornais mais prestigiados do mundo, o New York Times publicou um artigo de opinião sobre os rolezinhos. No artigo "De quem é este shopping?", a escritora Vanessa Barbara fala da repressão ao movimento dos jovens, dos choques da polícia e dos esquemas de segurança impostos pelo Shopping JK Iguatemi para impedir rolezinhos. "Tudo isso porque os jovens querem (como eles escreveram no Facebook): 'subir e descer a escada rolante', 'apertar todos os botões do elevador', 'entrar no cinema pela porta de saída'. 'Vamos aparecer no shopping amanhã porque a gente não tem nada para fazer', eles escreveram, em uma confusa mistura de letras maiúsculas e gírias", diz Vanessa.
Leia mais sobre esse assunto em http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2014/01/o-que-imprensa-internacional-diz-sobre-os-rolezinhos-ou-blittle-strollsb.html


Assista também esse vídeo produzido pela Revista Veja SP, uma matéria bem ponderada sobre este tema:


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Proposta de Redação sobre o sistema de Cotas - Modelos de redação

Proposta de Redação


A recente decisão do STF sobre a legitimidade das cotas raciais em universidades federais e o projeto de lei aprovado pela  Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) que consolida um sistema que reserva 50% das vagas oferecidas  pelas universidades e institutos federais para cota racial e social colocam em xeque novamente as discussões em torno da efetividade da instituição do sistema de cotas no Brasil. Afinal, será que essa prática conseguirá recompensar os malefícios gerados pela escravidão ou ela irá reafirmar a tese racista de classificação racial?
Com base na leitura dos textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da Língua Portuguesa sobre o seguinte tema: O sistema de cotas irá amenizar as desigualdades raciais ou irá reafirmar a tese racista de classificação entre raças? Leve em consideração as ideias oferecidas pela coletânea a seguir, mobilize argumentos, levante fatos, dados, exemplos que levem seu texto a ir além do senso comum e realizar uma crítica análise da problemática imposta.

“A presidente Dilma Rousseff sancionou, em agosto de 2012, a lei das cotas, que reserva 50% das vagas de universidades federais a alunos oriundos de escolas públicas. A distribuição das 120.000 vagas a serem ocupadas dessa forma deverá observar ainda a cor da pele dos candidatos – sempre haverá, portanto, vagas reservadas a negros, pardos e índios na proporção dessas populações em cada estado. Metade dessas cotas é voltada a estudantes de famílias de baixa renda. As federais terão quatro anos para se adaptar às regras, sendo que, já em 2013, deverão reservar ao menos 25% das vagas.”
(www.veja.abril.com.br/ noticia/educacao/enem-2013)

 “As cotas raciais são um modelo de ação afirmativa implantado em alguns países para amenizar desigualdades sociais, econômicas e educacionais entre raças. A primeira vez que essa medida foi tomada data de 1960, nos Estados Unidos, para diminuir a desigualdade socioeconômica entre brancos e negros." 
(http://www.brasilescola.com/educacao/sistema-cotas-racial.htm)

"A UNB diz que o sistema de cotas para negros se justifica diante da constatação de que a universidade brasileira abriga em sua maioria esmagadora pessoas de cor branca, de modo a valorizar apenas o pensamento de um segmento étnico na construção das soluções para os problemas atuais de nossa sociedade. O negro não tem oportunidades comuns às do branco e isso faz com que ele não tenha acesso à boa educação, ocupando, em sua maioria, posições subalternas, sem a chance de ter um cargo de prestígio social."
 (http://vestibular.brasilescola.com/cotas/pros.htm)

"É perfeitamente aceitável e desejável que grupos discriminados, excluídos ou perseguidos devam ser objeto de tratamento especial pelos setores mais privilegiados da sociedade e do próprio Estado, por meio de assistência social, educação, saúde e criação de oportunidades. Contudo, simplificar a gravidade dos problemas econômicos e sociais que afligem parte da população brasileira, sobretudo os descendentes de escravos, estabelecendo cotas raciais para acesso às universidades públicas do País, parece-nos injustificado e contraprodutivo, porque revela uma falta de compreensão completa do papel que essas instituições de ensino representam." 
(http://www.estadao.com.br/noticias/impressocotas-raciais-quem-ganha-quem-perde.htm)

Com base nesta proposta, selecionei algumas redações de alunos que se destacaram com uma boa fundamentação, argumentação e proposta prática para o problema apresentado.


Justiça Étnico-social
           Todos têm direito à oportunidade, como previsto em lei. Mas sabe-se que há grande disparidade entre o que se é pregado e a realidade. As cotas vêm com o intuito de amenizar esse abismo entre as classes e deve-se tomar cuidado ao fazer críticas (muitas vezes superficiais) sobre o tema.
          O discurso de que, ao estabelecer um sistema de cotas para as minorias raciais ingressarem em universidades públicas o governo estaria reafirmando o preconceito e discriminação racial/social é frívolo. Fato é que a maioria dos pobres é negra e não tem as mesmas oportunidades dos brancos. E se depender do (auto-regulador) capitalismo, vai continuar não tendo.
         O nosso modelo de sociedade atual vem sendo moldado há décadas, afirmando certas classes no poder e outras em condições inferiores à das dominantes. É a partir daí que se torna dever do governo criar medidas para tentar reverter esse quadro.
        As de curto prazo, como as cotas, focam na alarmante desigualdade social brasileira. As de longo prazo, como o investimento na educação, devem ser paralelas `as imediatas, para que assim talvez não haja mais necessidade das cotas.
        Não basta apenas criticar as medidas governamentais sem antes entender o porquê dessas decisões, sendo que muitas vezes elas dizem respeito a realidades que não são comuns às de quem não concorda com elas. As ferramentas para forjar um futuro devem ser dadas a quem não as tem.
(Guilherme Inã Ferreira)


Erros educacionais para a população
          As cotas são uma lamentável realidade para o Brasil que sofre com problemas sociais e econômicos, como a desigualdade e o baixo investimento no setor educacional. Essa decisão foi tomada com o objetivo de permitir aos negros oportunidades de formação como as da maioria branca em universidades públicas. Mas isso não garante a solução de vida e nem a abrupta igualdade racial. Nesse contexto, está inserida a ideia muito antiga da escravidão, perdendo seu sentido por não existir mais.
         Desigualdades sociais não serão amenizadas, afinal cotas informam que a pessoa não tem que se esforçar tanto quanto alguém branco para entrar na universidade. Se a intenção do Brasil com as cotas é colocar todos como iguais, então, a minoria é igual na capacidade de se esforçar e se dedicar realmente para conseguir uma vaga. Ninguém precisa de cotas (facilidades) para chegar aonde deseja. Ainda mais com a má qualidade das escolas públicas brasileiras, geralmente as pessoas saem de lá com pouco conhecimento, mas têm certeza de que vão para uma universidade bem mais difícil. Não faz sentido a carência de uma boa base escolar ser compensada com ensino superior avançado.
        O preconceito pode ainda aumentar em sala de aula, pois a revolta de um estudante branco que diz que estudou a vida inteira, e estar ali com alguém que se esforça pouco, pode gerar conflitos e a cor da pele pode ser usada como motivo. A “guerra” entre etnias que isso pode causar com certeza não está de acordo com esse objetivo das cotas no Brasil e no mundo. A confirmação do racismo acontecerá se a exclusão for motivada pela cor da pele, não pelo nível de conhecimento das pessoas.
        A questão não é que o branco seja melhor que o pardo ou índio, são todos iguais, afinal o Brasil é “um país de todos”. Então, se o branco consegue estudar e correr atrás de boas oportunidades para garantir seu futuro, por que a minoria não conseguiria? Facilitar para a parte da população que sofre preconceitos, já é rebaixá-la a uma categoria em que não conseguiriam atingir suas metas. Cotas não garantem a solução de desigualdade e falta de infraestrutura.
        O Estado está super correto em oferecer tratamentos para a saúde, educação e assistência social, desde que sejam feitas desde o início, ou seja, investimento em escolas públicas com boa qualidade. Isso já serviria para uma preparação dos menos favorecidos desde o ensino fundamental. Com essa mentalidade, as pessoas já iriam conhecer a importância do estudo em suas vidas, se dedicariam por vagas por conta própria. Falta ajuda de um governo que finge resolver situações críticas no Brasil, que estão longe do fim.
(Beatris Letzov Peloso)


Cotas raciais: solução ou preconceito?
           A lei de cotas raciais é, seu falta de dúvida, um descaso total à constituição; que identifica todos como sendo iguais e tendo os mesmos direitos e deveres perante as normas do Estado. Essa lei prevê às universidades federais a reserva de vagas para negros, pardos e índios.
          Essa solução, que deveria a princípio diminuir as desigualdades raciais no País, tende justamente a fazer o contrário. A lei, por si só, já parece uma forma de preconceito, impondo “ajuda” às raças não brancas, e assim, reafirmando um já ultrapassado e sórdido conceito de inferioridade à tais etnias.
          Ao invés deste completo ultraje moral, o governo deveria investir mais na prevenção e solução de descasos trabalhistas ligados à cor de pele dos trabalhadores; visto que este sim seria um meio de amenizar na sociedade o preconceito racial e, talvez algum dia, eliminar totalmente este mal.
         Todavia, tudo isso por fim só evidencia um ponto central: a péssima educação pública à qual as pessoas de classe baixa (em grande parte constituída por negros) são obrigadas a se submeter. Do que adianta, afinal, as pessoas de baixa renda e de raça não branca terem acesso obrigatório à parte das vagas na universidade, com um nível de escolaridade tão baixo quando o proporcionado pelo Estado?
         De fato, as cotas raciais não são somente uma abominação à suposta igualdade dos cidadãos, mas também uma forma de preconceito pelo próprio governo e um passo indubitavelmente contrário ao fim das desigualdades raciais; algo até digno de um País como o Brasil.
(Bruno Gustavo Vieira)

domingo, 16 de junho de 2013

10 Temas da atualidade que podem cair no Enem e vestibulares 2013/2014

1- Desenvolvimento sustentável e economia verde

O tema desenvolvimento sustentável se relaciona não só com questões ambientais, mas também com áreas como política, economia e urbanização. Assim, a conhecida economia verde, que visa o desenvolvimento minimizando danos ambientais e também a erradicação da pobreza, é um tema atual e dinâmico que pode aparecer no Enem deste ano.
Uma abordagem possível é a que olha o tema do ponto de vista da urbanização sustentável, que procura lidar com questões como a emissão de gases nocivos ao planeta, a utilização consciente dos meios de transporte e a construção de imóveis com menor impacto ao meio ambiente. “As construções sustentáveis já são uma preocupação de diversas empresas. O próprio governo se esforçou para que os projetos da Copa do Mundo incluam essa preocupação”, diz Joel Pontim, professor de química do Cursinho da Poli.
Um terço da energia utilizada no mundo é consumida dentro de edifícios e condomínios, e o setor de edificações é o que mais emite gases poluentes. A construção civil responde por mais de um terço do consumo de recursos naturais, incluindo 12% da água potável usada. Os especialistas consideram que prédios públicos, como escolas e hospitais, são construções ideais para a aplicação de conceitos sustentáveis, pois podem aproveitar melhor ventilação e iluminação natural.

2- Energias alternativas e matriz energética brasileira


Temas relacionados à geração de energia, incluindo novas fontes, têm grandes chances de aparecer no Enem. “Energia constitui uma rede de assuntos que se conecta com conhecimento de outras áreas. É o caso de física, química, termodinâmica, meio ambiente e poluição”
É importante, então, entender melhor as vantagens e desvantagens de cada um dos elementos da matriz energética brasileira, a começar pelo Plano Nacional de Energia, que prevê a construção de quatro novas usinas nucleares até 2030: se projeto for levado adiante, Angra 3 deve ser inaugurada em 2015 —Angra 1 e 2 já estão em operação.
É fundamental também compreender as controvérsias envolvendo a exploração de petróleo nas áreas do Pré-Sal e a construção da usina de Belo Monte, no Pará — além dos impactos dessas ações no meio ambiente. A leitura sobre energias alternativas, em desenvolvimento no Brasil e no mundo, caso da eólica e o bagaço de cana, também são obrigatórias.

3-'Importação' de médicos cubanos

A maioria dos médicos estrangeiros no Brasil são bolivianos (880), seguidos dos peruanos (401),
colombianos (264) e cubanos (216)
 
Em maio, o governo brasileiro anunciou que pode autorizar a imigração de 6 000 médicos cubanos para trabalhar no interior do Brasil, local carente desse tipo de mão de obra. O anúncio não foi bem recebido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que alegou que não há falta de profissionais no Brasil, mas má distribuição deles pelas regiões do território nacional.
Outra controvérsia a respeito é que o projeto aceitaria a atuação desses profissionais sem exigir deles a realização do Revalida, prova de revalidação do diploma obrigatória para quem se formou fora do país e pretende atuar aqui. Possibilidades de intercâmbio em outras áreas e com outros países estão na mira do ministro a Saúde, Alexandre Padilha.
Rui Alves Gomes de Sá, diretor pedagógico do curso Pré-Enem, da Abril Educação, avalia que o assunto pode ser abordado no Enem sob a ótica do imediatismo — ou seja, medidas paliativas adotadas às pressas para tratar de problemas importantes. “Em lugar de planejar a formação de mais médicos e de aprimorar a educação nacional, tenta-se resolver o problema de forma apressada, sem análise de consequências”, diz Sá.

4- O papel do Brasil no mundo

Brasileiro Roberto Azevêdo, que assumirá posto de diretor-geral da OMC

Figurando no bloco das nações emergentes, o Brasil ascendeu economicamente sem deixar de lado a redução da desigualdade social, como apontou o recente Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) 2013. A previsão é de que o país, juntamente com China e Índia, respondam em 2050 por 40% da riqueza global.
Outro indicador do prestígio do Brasil no mundo foi a eleição do diplomata Roberto Azevêdo para o posto de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) — ele assume o cargo em setembro. É a primeira vez na história que um latino-americano alcança o posto máximo da organização, dedicada a promover o comércio entre nações e resolver litígios de transações entre elas.
“Como país emergente, o Brasil se tornou um ator relevante na discussão de questões mundiais”, diz o professor Rui Alves Gomes de Sá, diretor pedagógico do curso Pré-Enem, da Abril Educação.

5- Redução da maioridade penal

Suspeito da morte da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, na 2º DP de São Bernardo do Campo

A discussão sobre a redução da maioridade penal para 16 anos voltou à tona em 2013 com o crescimento de crimes, muitos deles violentos, cometidos por jovens com menos de 18 anos. A mudança é defendida por políticos como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que propõe uma alteração no código do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) — que prevê que um jovem seja considerado culpado por suas ações apenas depois dos 18 anos. Isso faz com que a privação de liberdade para menores de idade infratores não supere os três anos.
O debate tem considerado a realidade de outras nações. Nos Estados Unidos, por exemplo, não existe uma lei específica sobre idade mínima para prisão; na Irlanda, os adolescentes podem ser penalmente responsabilizados por qualquer delito a partir dos 12 anos; no Japão, a partir dos 14. Na Suécia, adolescentes de 15 anos já podem ser presos.

6- O legado da Copa do Mundo de 2014

Operários trabalham no estádio do Corinthians em Itaquera, que sediará o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014

A escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo 2014 provocou a desconfiança de muitos brasileiros, que temiam que as autoridades repetissem erros na preparação de outros eventos. A apreensão tem se confirmado conforme se aproxima a Copa, com atraso na entrega de estádios, gasto excessivo de dinheiro público e falta de perspectiva de mudança na infraestrutura do país.
Obras de mobilidade urbana e de expansão dos sistemas de transportes públicos, essenciais também para a realização da Olimpíada de 2016, mal saíram do lugar. O mesmo ocorre com aeroportos.
“É importante observar aí um traço da cultura brasileira de deixar tudo para a última hora. Além disso, há um componente intencional, que provoca superfaturamento de obras e despesas extras, relegando o interesse público a segundo plano”, analisou Rui Alves Gomes de Sá, diretor pedagógico do curso Pré-Enem, da Abril Educação. “O maior legado da Copa deveria ser mudar, para melhor, a vida do brasileiro.”

7- Tragédias no Brasil e o caso de Santa Maria

Estudantes da UFSM participam de uma caminhada em homenagem às vítimas da boate Kiss

O trágico incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), em 27 de janeiro, que fez 242 vítimas fatais, pode motivar questões sobre falta de planejamento e de observação das leis por parte da sociedade brasileira. Só depois do episódio é que boa parte das cidades brasileiras passou a vistoriar casas noturnas e a exigir medidas de prevenção a incêndios e superlotação. Centenas de vidas poderiam ter sido poupadas se a fiscalização correta tivesse sido feita.
“Não existe um planejamento para evitar o acidente. Infelizmente, no Brasil, o normal é esperar que algo aconteça para só então tomar providências”, diz o professor e diretor pedagógico Rui Alves Gomes de Sá.

8- A lei de cotas nas universidades


Contexto: A presidente Dilma Rousseff sancionou, em agosto de 2012, a lei das cotas, que reserva 50% das vagas de universidades federais a alunos oriundos de escolas públicas. A distribuição das 120.000 vagas a serem ocupadas dessa forma deverá observar ainda a cor da pele dos candidatos – sempre haverá, portanto, vagas reservadas a negros, pardos e índios na proporção dessas populações em cada estado. Metade dessas cotas é voltada a estudantes de famílias de baixa renda. As federais terão quatro anos para se adaptar às regras, sendo que, já em 2013, deverão reservar ao menos 25% das vagas.
Um tema como cotas poderia motivar diversas questões como as seguintes: as cotas universitárias podem minimizar desigualdades sociais no Brasil? Quais as prováveis consequências da adoção das cotas para as universidades brasileiras?
Desenvolvimento: A discussão sobre o sistema de cotas universitárias no Enem dificilmente discutirá se a adoção do mecanismo é certa ou errada, do ponto de vista do candidato. Isso porque as cotas já são uma realidade. Por isso, reflexões produtivas sobre o assunto devem se deter sobre as razões histórica da desigualdade entre os brasileiros e as ações possíveis para minimizá-la.

9- Casamento gay


Contexto: Algumas nações vêm reconhecendo o casamento entre pessoas do mesmo sexo, caso de Argentina, França Uruguai — o assunto está ainda na pauta de Grã-Bretanha e de vários estados americanos. O tema também avançou no Brasil. Em 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável homossexual. Em maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução que obriga os cartórios a realizar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo —  a medida ainda pode ser contestada no STF. Até então, os cartórios podiam se recusar a reconhecer tais uniões, e os casais precisavam recorrer à Justiça.
O assunto pode motivar abordagens como a igualdade de todos perante a lei ou ainda os novos arranjos familiares.
Desenvolvimento: A questão da igualdade de direitos é de fato o primeiro ponto a ser avaliado, diz Eclícia Pereira, professora de redação do Cursinho da Poli. No caso, casais homossexuais passam a ter as mesmas garantias e obrigações dos demais perante a lei.
Outra questão a ser observada é a mudança da estrutura familiar em curso. Além do núcleo tradicional — formado por pai, mãe e filhos —, estabelecem-se outros arranjos, a partir dos casais formados por parceiros do mesmo sexo. Até mesmo a adoção de crianças por esses casais pode ser um tema abordado.
Tenha cuidado: Para a redação do Enem, não importa sua opção sexual. Essa é, aos olhos dos examinadores, uma questão privada. O importante é reconhecer no assunto um fenômeno social, que tem consequências e desdobramentos na vida de muitos cidadãos.
 

10 - Álcool e direção: combinação fatal

 
Contexto: Promulgada em 2008, a lei seca tem como objetivo reduzir os acidentes provocados por motoristas embriagados, endurecendo as punições contra quem bebe antes de dirigir. Assim, um condutor abordado pela polícia passou a ser considerado legalmente bêbado através de um exame, de sangue ou de bafômetro, se é constatada uma concentração mínima de 0,10 grama de álcool por litro em seu sangue.
Em dezembro de 2012, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que torna mais rígidas as punições para motoristas flagrados dirigindo alcoolizados. Além do bafômetro e do exame de sangue, outros meios — como teste clínico, depoimento policial, testemunho, fotos e vídeos — passaram a valer como prova. A multa para quem for pego dirigindo bêbado é de 1.915,40 reais. E pode chegar a 3.830,60 reais se o indivíduo reincidir na infração no prazo de um ano.
O endurecimento da aplicação da lei seca também passou por mudanças em janeiro de 2013, quando o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) publicou uma medida que acabava com a margem de tolerância da quantidade de álcool por litro de sangue. Ou seja, o condutor pode ser autuado se for constatada qualquer concentração alcoólica no sangue. Porém, mesmo com a lei, o volume de acidentes de trânsito decorrentes do consumo de álcool ainda é preocupante.
Uma recente pesquisa do Ministério da Saúde, divulgada em fevereiro de 2013, apontou que 21% dos acidentes estão relacionados ao efeito do álcool. E uma em cada cinco vítimas atendidas nos prontos-socorros estava embriagada.
Na redação do Enem, o assunto pode motivar abordagens como: imprudência no trânsito e medidas para reduzir a quantidade de acidentes ligados ao álcool.
Desenvolvimento: É importante saber que desde 2008, quando a lei seca foi promulgada, não houve alteração significativa na quantidade de acidentes com motoristas embriagados. Segundo o Ministério da Saúde, em 2010, mais de 42.000 pessoas morreram em acidentes. Isso tem também um custo alto para o país. Em 2011, 200 milhões de reais foram gastos no Sistema Único de Saúde (SUS) com vítimas da violência no trânsito, valor que não considera os custos com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (Samu), as Unidades de Pronto Socorro e Pronto Atendimento e o processo de reabilitação do paciente, entre outros.
Um caso recente, que teve repercussão nacional, foi o do motorista alcoolizado que atropelou um ciclista em São Paulo: o impacto da batida foi tão forte que o braço da vítima foi arrancado. O motorista fugiu sem prestar socorro. O acidente pode ser citado nos textos da proposta de redação, motivando discussões sobre impunidade: no caso, o jovem condutor obteve um habeas corpus na Justiça e continua solto.
Após a apresentação do problema, o candidato pode apresentar seu ponto de vista. Alguns possíveis caminhos são relatar as causas e consequências do uso indiscriminado do álcool, assim como avaliar as campanhas educativas feitas até agora pelo governo e sua real eficácia. Também é possível propor o aumento da fiscalização, assim como o enrijecimento das leis na hora de punir motoristas pegos sob o efeito de álcool.
Tenha cuidado: “Se o candidato ficar preocupado apenas com o problema do consumo de álcool e voltar à sua argumentação para a questão do vício nessa e em outras substâncias, pode ficar configurado um desvio do tema”, explica Vivian d’Angelo Carrera, professora de redação do Cursinho do XI.
 
 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Tráfico de pessoas: um retrocesso social.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

   Com base na gravura, na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo--argumentativo em norma culta escrita da Língua Portuguesa sobre o seguinte tema: Tráfico de pessoas: um retrocesso social.
   Selecione, organize e relacione, de forma coesa e coerente, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista com proposta social que respeite os direitos humanos.

     O tráfico de pessoas é uma forma moderna de escravidão. As vítimas, geralmente, são mulheres, crianças e adolescentes aliciados no mundo todo, ou para exploração sexual ou para mão-de-obra escrava. Segundo as estimativas globais da ONU, mais de 2 milhões de pessoas são vítimas do tráfico humano a cada ano.                                                                                            
 

Governo identifica 475 vítimas de tráfico de pessoas

Considerado um crime invisível, difícil de ser comprovado e com punições ainda tímidas, o tráfico internacional de pessoas foi elencado agora como prioridade a ser combatida pelo governo federal. O diagnóstico parcial não é animador: o Brasil tem uma legislação atrasada, que não tipifica o sequestro de pessoas para tráfico de órgãos, por exemplo. Além disso, as vítimas traficadas têm vergonha ou dificuldade de denunciar a situação e não há profissionais treinados para lidar com o problema. “É um crime que tem de ser mostrado. As coisas estavam embaixo do tapete”, resumiu nesta terça-feira a ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci.
Das 475 vítimas identificadas pela diplomacia brasileira entre 2005 e 2011, 377 sofriam exploração sexual, enquanto 135 haviam sido traficadas para trabalho escravo. Por meio do Suriname, os traficantes, de acordo com o governo, traçam uma rota de envio de brasileiros para a Holanda. No país sul-americano foi detectada a maior incidência de vítimas: 133. Suíça (127 casos), Espanha (104) e a própria Holanda (71 casos) completam a lista de nações que mais receberam vítimas do tráfico de pessoas. As punições, no entanto, ainda são baixas. No mesmo período, houve registro de apenas 158 prisões.
“O tráfico internacional de pessoas é um crime muito difícil de ser combatido. É tido como um crime subterrâneo. As pessoas não percebem o que está acontecendo, e as vítimas geralmente não denunciam, ou porque têm medo, ou porque têm vergonha”, afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ao lançar o II Plano de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.

Legislação – De acordo com o Ministério da Justiça, a baixa quantidade de presos pelo crime de tráfico internacional de pessoas é resultado da dificuldade de reunir provas contra os aliciadores e de uma legislação retrógrada, que prevê o tráfico de pessoas apenas para fins sexuais – e não delimita outras modalidades, como o tráfico para a remoção de órgãos ou para trabalho escravo.
No Congresso Nacional, as bancadas governistas vão agora trabalhar para a aprovação de projetos considerados prioritários para que o crime de tráfico de pessoas possa ser combatido com mais eficiência. Os presidentes da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), serão procurados para que coloquem em pauta a atualização da lei sobre tráfico de pessoas, prevendo penalidades também quando se tratar de trabalho escravo, e o projeto que determina a perda de bens dos envolvidos no tráfico, com reversão dos recursos para atendimento às vítimas. O governo também espera aprovar sanções administrativas a empresas que comprovadamente tenham atuado no tráfico de seres humanos.

Perfil – As aliciadoras e recrutadoras de pessoas, seja para mão-de-obra escrava, seja para fins sexuais ou tráfico de órgãos, são em sua maioria mulheres (55%), embora a maior parte dos presos por atividades ligadas ao tráfico de pessoas sejam homens. Dos 514 inquéritos instaurados pela Polícia Federal em 2005 e 2011, 157 eram relacionados ao tráfico internacional de pessoas, 13 ao tráfico interno de brasileiros e 344 ao trabalho escravo.
Atualmente, ligações gratuitas para o número 180 recebem denúncias de mulheres em situação de vulnerabilidade e de vítimas de tráfico. No ano passado, por meio do Ligue 180, foi possível receber uma denúncia de vítima traficada em Portugal e outra na Espanha. Além de atender à demanda nacional, o governo espera ampliar o serviço para receber denúncias do exterior.
“Queremos garantir telefonema gratuito de qualquer país e só a partir daí podemos acionar o Ministério da Justiça e a Polícia Federal para que se inicie o processo de identificação dos traficantes e a prisão como consequência”, afirmou a ministra Eleonora Menicucci.
                                                   

 Fonte: Revista Veja
Edição 2309 -  26/02/2013 - 13:50 – textos adaptados e acessados em 18/04/2013.