terça-feira, 9 de setembro de 2014

A importância do voto


Leia as reflexões sobre o assunto, apresentadas a seguir, e desenvolva uma dissertação em que você exponha e defenda com argumentos a sua posição sobre o significado das eleições num regime democrático e sobre o uso do voto como forma de protesto. Considere ainda a foto que ilustra o tema e as informações fornecidas em sua legenda.


O músico Carlinhos Brown, em campanha publicitária que convoca o cidadão a participar das eleições, para evitar um número elevado de ausências. O voto, no Brasil, é obrigatório, mas é fácil justificar a ausência e a multa pelo não cumprimento da obrigação é muito pequena.

CIDADANIA SE FAZ COM O VOTO CONSCIENTE

Em tempos de eleições diretas, é oportuna a seguinte pergunta: é possível exercer o chamado voto consciente? A resposta, em linhas gerais, é sim! O voto consciente é aquele que é direcionado ao candidato ou à candidata que julgamos ser o(a) melhor para governar e legislar em prol de todos os votantes. Para muitos, na atual conjuntura, o voto consciente é aquele que é direcionado ao menos ruim e não ao melhor. Independentemente de suas peculiaridades, o voto consciente, ou de qualquer outra natureza, é, sim, um ato de exercício da cidadania.
Por mais difícil e complexo que seja o quadro de representantes exposto para nossa escolha, o sufrágio [voto] é fundamental para o fortalecimento de qualquer democracia. Décadas de regime militar privaram os brasileiros deste direito. O movimento público pelas Diretas Já [lembra-se?] foi um marco histórico na história republicana brasileira. Neste contexto, a pregação em prol do voto nulo ou voto em branco é mais uma manifestação de revolta ou indignação do que de consciência cívica.
Entretanto, não se pode julgar quem opta por estes tipos de votos. Afinal, a democracia é parte de uma sociedade pluralista e multifacetada, pelo menos teoricamente. De todo modo, as eleições para cargos públicos mexem com o cotidiano das localidades onde serão realizadas. É um tempo em que diferenças vêm à tona, contradições são exploradas, falhas são mencionadas, conquistas são relatadas, alianças políticas são costuradas e desavenças são praticadas. Neste emaranhado de acontecimentos, a população se vê em meio a um bombardeio de coisas boas e ruins [com mais ênfase, normalmente, para as últimas].
Apesar de tudo isso, ter o direito de escolher os nossos representantes foi uma das maiores conquistas democráticas conseguidas. Qualquer democracia do mundo não pode se furtar desta condição. Eu sei que muitos brasileiros [talvez uma grande parcela] são contra a obrigatoriedade do voto. Tudo bem! Não vamos entrar em uma interminável polêmica. No entanto, quem não escolhe ou não tem o direito de escolher não pode cobrar com legitimidade o seu representante. O cerceamento deste direito é um ato contra qualquer princípio democrático.
Bom, voltando ao foco central deste texto, o voto consciente precisa ser exercido, de fato, com os famosos pés-no-chão. Não se vota com consciência sob influência de terceiros. A consciência, neste caso, tem que ser individual. A grande responsabilidade cabe a cada eleitor. A cidadania só é legitimada pelo voto direto à medida que o eleitor não seja influenciado por postulantes a cargos públicos que fazem do pleito eleitoral um momento de exercer a sua arrogância e a sua vontade de satisfação privada estimulada pelo poder e pela influência negativa que, via de regra, são itens presentes em boa parte das candidaturas existentes em várias localidades brasileiras.
Por fim, quero manifestar o meu apoio aos eleitores que, como eu, têm a consciência da importância de se votar com segurança e conscientemente. Mesmo sabendo que esta é uma tarefa complicada, não podemos nos furtar deste direito que nos foi concedido depois de várias manifestações e reinvidicações da própria sociedade. Votar é preciso, mas, de preferência, com consciência!
(Paulo Rogério dos Santos Lima - disponível em: http://www.culturatura.com.br/artigos/paulo.voto.htm)


Voto nulo não corrige problemas

Entendamo-nos, primeiro, quanto aos conceitos, uma vez que a pergunta comporta pelo menos duas interpretações bem distintas. No sentido legal e moral, a resposta só pode ser positiva; o voto nulo é tão válido como qualquer outro. O cidadão vota como quer; este é um princípio "sine qua non" da democracia. No regime democrático, por definição, inexistem instâncias com legitimidade para forçá-lo a escolher desta ou daquela forma.
A questão que ora nos ocupa é portanto de ordem prática: qual é, em comparação com outras estratégias de protesto, a eficácia do voto nulo? Em que medida e sob que circunstâncias ele produz realmente o efeito desejado? É claro que em situações falsamente democráticas ou marcadamente ditatoriais o voto de protesto pode valer mais que a escolha substantiva.
(...)
A questão a considerar é, pois, o objetivo dos proponentes do voto nulo. Protestar contra o quê, exatamente? Uma razão amiúde invocada para o protesto é o desgaste das instituições, nos três ramos do governo. O desgaste de fato existe e se deve a uma infinidade de razões. O Congresso atual alterna momentos de omissão, de anarquia e de subserviência ao Executivo, desservindo o interesse público nos três casos. Episódios de corrupção multiplicam-se nos três Poderes, numa sucessão interminável. É um estado de coisas lastimável, mas a contribuição do voto nulo à correção dele é rigorosamente zero. Neste caso, nada há na anulação que se possa chamar de público --ou seja, de político, no melhor sentido da palavra. Nas condições do momento, ele apenas exprime um mal-estar subjetivo, difuso, de caráter individual. Qualquer que seja seu peso nos números finais da eleição, ele será apenas uma soma desses mal-estares e da apatia que deles decorre.
[Folha de S. Paulo, 12/07/2014]

Alternativa de protesto

Não concordo com o sistema de representação política do Brasil. Que faço? Visto uma camisa encobrindo a cara e quebro alguma loja? Ou pago uma grana para ir a um estádio para xingar a presidente? Minha alternativa de protesto é o voto nulo. Não garanto que seja um gesto mais civilizado que as opções anteriores, mas certamente combina com minha preguiça de partir para violência física e com meu apego cômico de não desperdiçar palavrões.
Na hora de divulgar os resultados, reais ou de pesquisas, a imprensa costuma somar os votos nulos e brancos. O significado dos dois é diferente. O voto nulo é, em princípio, um protesto, inclusive contra o próprio processo eleitoral. Já o voto branco diz que o eleitor concorda com a decisão da maioria.
(...)
Votar nulo não se trata de atacar o governo ou a oposição, mas o sistema político inteiro, dizendo não à promiscuidade partidária que confunde o eleitor com essa miscelânea de acordos nacionais e regionais que querem reduzir a cidadania a uma negociata por horários na TV.
Quem defende o voto nulo não tem espaço no horário nobre para se manifestar. Isso é democracia?
Basta dar um Google para ver que a Constituição de 88 está remendada, e não é preciso ser muito esperto para saber que os políticos jamais farão uma reforma política que altere as regras de um jogo no qual somente eles estão se dando bem.
Qual a maneira de contestar? Votar nulo! Sempre que defendo o voto nulo, ouço aquela ladainha do fantasma da ditadura que pode voltar e a fatal pergunta do que teria a ganhar anulando meu voto. Bem sei que não quero nenhuma ditadura, mas também sei que essa democracia que aí está não me representa.
[Folha de S. Paulo, 12/07/2014]

domingo, 27 de abril de 2014

Temas de Redação 2º C


Tema 1: Maioridade Penal

As discussões em torno da legitimidade da redução ou não da maioridade penal no Brasil sempre estão em voga. No entanto, nunca houve um consenso acerca da questão. Afinal, será que reduzir a maioridade penal irá reduzir os índices de violência praticada por “menores infratores”? Será que enviá-los para penitenciárias mais cedo irá mudar essa realidade? O que sabemos de fato é que presídios estão cada vez mais cheios e não conseguem mudar a realidade de infratores. Mas se algo não for feito para mudar esses índices cada vez mais alarmantes de violência praticada por crianças e adolescentes, a situação só irá piorar. Qual serão então as melhores soluções?
Reflita sobre essas questões e defenda um posicionamento claro e bem fundamentado acerca a Redução ou não da Maioridade Penal no Brasil. Leve em consideração os textos apresentados na coletânea para nortear suas ideias, mobilize argumentos bem fundamentados que levem seu texto a ir além do senso comum e realizar uma crítica análise da problemática imposta.

"A legislação brasileira sobre a maioridade penal entende que o menor deve receber tratamento diferenciado daquele aplicado ao adulto. Estabelece que o menor de 18 anos não possui desenvolvimento mental completo para compreender o caráter ilícito de seus atos. Adota o sistema biológico, em que é considerada somente a idade do jovem, independentemente de sua capacidade psíquica. Em países como Estados Unidos e Inglaterra não existe idade mínima para a aplicação de penas. Nesses países são levadas em conta a índole do criminoso, tenha a idade que tiver, e sua consciência a respeito da gravidade do ato que cometeu. Em Portugal e na Argentina, o jovem atinge a maioridade penal aos 16 anos. Na Alemanha, a idade-limite é 14 anos e na Índia, 7 anos." [Leia na íntegra - Veja]

"Pesquisa do Instituto DataSenado publicada em outubro apontou que 89% dos 1.232 cidadãos entrevistados querem imputar crimes aos adolescentes que os cometerem. De acordo com a enquete, 35% fixaram 16 anos como idade mínima para que uma pessoa possa ter a mesma condenação de um adulto; 18% apontaram 14 anos e 16% responderam 12 anos. Houve ainda 20% que disseram "qualquer idade", defendendo que qualquer pessoa, independente da sua idade, deve ser julgada e, se for o caso, condenada como um adulto. (...). - Manter em 18 anos o limite para a condição de imputabilidade é ignorar o desenvolvimento mental dos nossos jovens. A redução da maioridade, por si só, não resolveria os nossos graves problemas de segurança pública. Entretanto, seria uma boa contribuição, pois os jovens, em função da impunidade, sentem-se incentivados à prática do crime - disse Cassol, no Plenário, ao apresentar a proposta." [Leia na íntegra - Brasil 247]

"O sensacionalismo seduz, mas não responde à lógica: o fato de os adultos já serem processados criminalmente não tem evitado que pratiquem crimes. Por que isso aconteceria com os adolescentes? A ideia de que a criminalidade está vinculada a uma espécie de “sensação da impunidade” jamais se demonstrou, tanto mais que a prática de crimes tem crescido junto com a encarcerização. A tese oculta uma importante variável: o fator altamente criminógeno do ambiente prisional, que é ainda maior quando se trata de jovens em crescimento." [Leia na íntegra - Blog do Miro]


Tema 2: Legalização da Maconha

A utilização da maconha tem sido alvo cada vez mais freqüente de polêmicas, artigos e debates. Há, por exemplo, amplo respaldo médico sobre os efeitos devastadores da maconha no cérebro. Segundo muitos cientistas, ela vicia, sim, e encaminha o usuário para drogas mais pesadas. Por outro lado, existem estudos científicos que propõem o uso medicamentoso da maconha, mesmo que de forma contínua. Há também quem a compare ao álcool e defenda a legalização de seu uso recreativo. Além disso, para alguns, uma eventual descriminalização da maconha seria um modo de pôr fim ao tráfico e a violência por ele gerada. O que você pensa disso?
Reflita sobre essas questões e defenda um posicionamento claro e bem fundamentado acerca do tema: "O uso da maconha deve ou não ser legalizado?" Leve em consideração os textos apresentados na coletânea para nortear suas ideias, mobilize argumentos bem fundamentados que levem seu texto a ir além do senso comum e realizar uma crítica análise da problemática imposta.


Maconha não é droga leve
"A maioria dos que usam maconha justifica seu uso dizendo que ela faz menos mal que álcool e cigarro. Não há por que fazer comparações, saber qual é a pior ou a menos má. O casamento com a maconha é sempre destrutivo. A droga tem uma substância química chamada ácido delta-9-tetraidrocanabinol (THC), que lentamente mina as capacidades intelectuais: compromete a atenção, a concentração e a memória. Produz uma apatia que não é própria da adolescência. O jovem prefere ficar sozinho a estar com amigos não-usuários. Mas o usuário vive se iludindo em dizer "que fuma porque quer e pára quando quiser."
[Içami Tiba, psiquiatra, terapeuta e escritor, no livro "Juventude e Drogas: Anjos Caídos". São Paulo: Integrare, 2007].


Bicho de sete cabeças
José Cruz/ABrManifestação pela legalização da maconha diante do Palácio do Planalto em Brasília (DF)
"A erva maldita está se transformando em erva de charme. (...) O baseado - ou beck, ralf, mingote, jererê, conforme se chama por região do país ou mesmo geração - está na boca do povo. Na televisão, é zapear pelos canais para encontrar referências ou debates sobre o tema.(...) No cinema, filmes como o brasileiro "Bicho de 7 Cabeças" ou o inglês "O Barato de Grace" ajudam a acender, pelo país afora, a polêmica que ronda o assunto. Nas bancas, revistas científicas, como "Galileu", ou focadas no público jovem, como Trip, esgotam a tiragem ao dedicar páginas à discussão médica e jurídica que envolve a droga."
[Revista Época. Edição 183, 19/11/2001]

A lei, do jeito que está, não funciona
"Vigora no país uma lei que vale só para alguns.(...). Se você é pobre e é pego com maconha, vai preso. Se é rico, é possível que a polícia nem o incomode, para evitar problemas - vai que você é filho de alguém importante. Ou, quem sabe, um subornozinho livre sua cara. Se você é grande traficante, fique sossegado. Se é pequeno traficante, ai, ai, ai. Se o delegado está de bom humor, você é usuário; se está de mau humor, é traficante - tão vaga é a tipificação dos crimes. E, se você quiser discutir o assunto a sério, é acusado de incitar um crime. Em resumo, a lei, do jeito que está, não funciona.
[Soninha Francine, depois de sua demissão da TV Cultura, em 2001,por ter assumido que fumava maconha.]

Holanda proíbe cigarro mas permite maconha
"Desde primeiro de julho de 2008 é proibido fumar cigarros em bares, cafés e restaurantes. Quer dizer, fumar cigarro comum, de tabaco. Consumir maconha e haxixe continua podendo. (...) As drogas são vendidas e consumidas na quantidade máxima de 5 gramas por pessoa, nos cerca de 750 cafés da Holanda (metade em Amsterdã). Esses estabelecimentos são beneficiados pela chamadagedoogbeleid, a política de tolerância do Ministério da Justiça em relação às chamadas drogas leves.
[Revista VEJA. Edição de 9/7/2008]

terça-feira, 22 de abril de 2014

Temas de Redação 2º A \ 2º B


Tema 1: Juventude e alcoolismo: um problema social

As bebidas alcoólicas pertencem ao grupo das drogas lícitas mais consumidas no Brasil. O comportamento festivo do brasileiro sempre foi regado a muito álcool: caipirinha na praia, cerveja no futebol, coquetel na balada. O problema é que os jovens estão começando a beber cada vez mais cedo. Uma pesquisa da Unifesp sobre o consumo de bebidas alcoólicas por estudantes de ensino médio reacendeu a discussão sobre o tema. Que razões levam o jovem ao consumo de álcool? Quais os problemas decorrentes disso? Por que a lei que proíbe a venda de bebidas a menores de idade não é cumprida? Qual a responsabilidade da família, da sociedade e do governo diante desse problema?

Reflita sobre essas questões e elabore uma dissertação argumentativa com o tema: Juventude e alcoolismo: um problema social. Leve em consideração os textos apresentados na coletânea para nortear suas ideias, mobilize argumentos bem fundamentados que levem seu texto a ir além do senso comum e realizar uma crítica análise da problemática imposta.


Drogas na adolescência: Temores e reação dos pais
O uso de drogas na adolescência é um tema que preocupa famílias, educadores e profissionais da saúde. O interesse dos pesquisadores por esse assunto tem aumentado muito nas ultimas décadas. Os estudos investigam desde a idade em que ocorreu o primeiro uso até as principais influências ou fatores de risco para o estabelecimento do comportamento de consumo de substâncias, e os aspectos familiares envolvidos no processo.

A precocidade do início do uso de álcool e outras drogas também tem sido alvo de preocupação. Vários estudos indicam que crianças e adolescentes estão iniciando cada vez mais cedo o uso destas substâncias.

Alguns dos fatores fortemente associados ao uso de drogas por adolescentes são: a facilidade de obtenção e o consumo de drogas pelos amigos. Na adolescência, a necessidade de fazer parte de um grupo assume grande importância, pois ajuda na afirmação da própria identidade, aumenta as opções de lazer e reduz a solidão. As atitudes assumidas pelo grupo passam a ser tão ou mais importantes do que alguns valores familiares, pois dele vem parte do suporte emocional e a aceitação pelos outros componentes reforça a auto-estima.

Existem inúmeros fatores relacionados ao início do uso de álcool e outras drogas, mas o aspecto familiar e o relacionamento com amigos têm recebido maior atenção. A presença de conflitos familiares e a influência dos amigos estão associadas ao aumento do risco para o uso de drogas.


O presente artigo publicado pela Revista Psicologia: Teoria e Pratica investigou quais são os principais temores de pais de adolescentes e o que eles sentem em relação ao uso de drogas e ao futuro dos filhos. Avaliou também as reações frente ao problema, de forma que estes resultados pudessem contribuir para a elaboração de programas preventivos. Para isso foram entrevistados 87 pais de adolescentes, todos moradores da cidade de São Paulo, com filhos adolescentes estudantes com idade entre 12 e 19 anos.


Os resultados mostram que a média de idade dos pais foi 42 anos, sendo que.73% eram do sexo feminino; 71% estavam casados e 26% separados; 64% moravam em casa própria. Quanto à religião, 64% eram católicos. Em relação à escolaridade, 73% tinham curso superior; 88% estavam empregados e 72% tinham renda familiar acima de 8 salários mínimos.


Dos pais entrevistados 91% afirmaram conversar com os filhos sobre álcool, 78% sobre cigarro e 61% sobre inalantes. Sobre as drogas ilícitas, 80% dos pais afirmaram conversar sobre maconha e 68% sobre cocaína. O conteúdo das conversas é meramente informativo ou restringe-se ao compartilhamento dos temores pelas possíveis consequências do uso de drogas. Esse tipo de comunicação pode não ser uma forma efetiva de prevenção e, ao contrário, pode gerar sobre os filhos certa ansiedade e medo dos pais.

Os pais relataram bastante preocupação com o futuro de seus filhos, no que diz respeito às drogas. Foram observados dois tipos principais de temor: os relacionados ao mundo externo (influências de amigos e marginalidade) e os relacionados às consequências pessoais do uso (dependência, overdose, internações).

Diante do uso de drogas lícitas, os pais afirmam que conversariam com os filhos e encarariam o consumo com maior naturalidade. Já no caso de uso de drogas ilícitas, a maioria confessou que brigariam verbalmente.

Embora seja senso comum a percepção do temor e da preocupação dos pais em relação à presença da droga na vida dos filhos, na literatura especializada são escassos os estudos que abordam esses aspectos. Os trabalhos recentes sobre prevenção ao uso de drogas têm demonstrado a pouca efetividade dos modelos baseados apenas na divulgação de informações ou no amedrontamento. È importante que programas de prevenção tenham como meta a promoção do bem estar e da competência dos adolescentes para lidar com situações de risco, incluir a participação de pais e educadores no processo.
(Texto resumido pelo OBID a partir do original publicado pela Revista Psicologia: Teoria e Prática, 2006, vol.8 (Supl 1): pág. 41-54. Editado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. ISSN 1516-3687 Fonte: OBID)



Tema 2: Maioridade Penal

As discussões em torno da legitimidade da redução ou não da maioridade penal no Brasil sempre estão em voga. No entanto, nunca houve um consenso acerca da questão. Afinal, será que reduzir a maioridade penal irá reduzir os índices de violência praticada por “menores infratores”? Será que enviá-los para penitenciárias mais cedo irá mudar essa realidade? O que sabemos de fato é que presídios estão cada vez mais cheios e não conseguem mudar a realidade de infratores. Mas se algo não for feito para mudar esses índices cada vez mais alarmantes de violência praticada por crianças e adolescentes, a situação só irá piorar. Qual serão então as melhores soluções?

Reflita sobre essas questões e defenda um posicionamento claro e bem fundamentado acerca da Redução ou não da Maioridade Penal no Brasil. Leve em consideração os textos apresentados na coletânea para nortear suas ideias, mobilize argumentos bem fundamentados que levem seu texto a ir além do senso comum e realizar uma crítica análise da problemática imposta.

"A legislação brasileira sobre a maioridade penal entende que o menor deve receber tratamento diferenciado daquele aplicado ao adulto. Estabelece que o menor de 18 anos não possui desenvolvimento mental completo para compreender o caráter ilícito de seus atos. Adota o sistema biológico, em que é considerada somente a idade do jovem, independentemente de sua capacidade psíquica. Em países como Estados Unidos e Inglaterra não existe idade mínima para a aplicação de penas. Nesses países são levadas em conta a índole do criminoso, tenha a idade que tiver, e sua consciência a respeito da gravidade do ato que cometeu. Em Portugal e na Argentina, o jovem atinge a maioridade penal aos 16 anos. Na Alemanha, a idade-limite é 14 anos e na Índia, 7 anos." [Leia na íntegra - Veja]

"Pesquisa do Instituto DataSenado publicada em outubro apontou que 89% dos 1.232 cidadãos entrevistados querem imputar crimes aos adolescentes que os cometerem. De acordo com a enquete, 35% fixaram 16 anos como idade mínima para que uma pessoa possa ter a mesma condenação de um adulto; 18% apontaram 14 anos e 16% responderam 12 anos. Houve ainda 20% que disseram "qualquer idade", defendendo que qualquer pessoa, independente da sua idade, deve ser julgada e, se for o caso, condenada como um adulto. (...). - Manter em 18 anos o limite para a condição de imputabilidade é ignorar o desenvolvimento mental dos nossos jovens. A redução da maioridade, por si só, não resolveria os nossos graves problemas de segurança pública. Entretanto, seria uma boa contribuição, pois os jovens, em função da impunidade, sentem-se incentivados à prática do crime - disse Cassol, no Plenário, ao apresentar a proposta." [Leia na íntegra - Brasil 247]

"O sensacionalismo seduz, mas não responde à lógica: o fato de os adultos já serem processados criminalmente não tem evitado que pratiquem crimes. Por que isso aconteceria com os adolescentes? A ideia de que a criminalidade está vinculada a uma espécie de “sensação da impunidade” jamais se demonstrou, tanto mais que a prática de crimes tem crescido junto com a encarcerização. A tese oculta uma importante variável: o fator altamente criminógeno do ambiente prisional, que é ainda maior quando se trata de jovens em crescimento." [Leia na íntegra - Blog do Miro]

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Proposta de redação sobre: “Rolezinho: o que ele revela sobre o Brasil?"

Com base na leitura dos textos motivadores, charges, vídeo e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da Língua Portuguesa sobre o seguinte tema: “Rolezinho: o que ele revela sobre o Brasil?"

Leve em consideração as ideias oferecidas pela coletânea a seguir, mobilize argumentos, levante fatos, dados, exemplos que levem seu texto a ir além do senso comum e realizar uma crítica análise da problemática imposta.


Decifrando os rolezinhos
Jornal O Globo
Denis Lerrer Rosenfield
Publicado: 
Atualizado: 
[...]Note-se que, nas jornadas de junho, os jovens se manifestaram nas ruas, que é o local mais adequado para esse tipo de mobilização. Não houve, em seu primeiro momento, nenhuma conotação anticapitalista, mas sim, pelo contrário, uma indignação apartidária em relação aos governos federal, estaduais e municipais, pela péssima qualidade dos serviços públicos. Ademais, havia uma clara insatisfação em relação aos partidos políticos e movimentos sociais organizados.
Agora, há uma diferença essencial. As manifestações estão sendo feitas em shopping centers, que são locais privados, empresariais. Isto é, os manifestantes, mesmo os genuínos rolezinhos, apesar de gostarem de roupas de grife, já se dirigem a estabelecimentos privados, apagando a distinção entre o público e o privado. De um lado, identificam-se com a economia de mercado e o consumo, procurando ter mais de seus produtos; são pró-capitalistas nesta perspectiva. De outro lado, não respeitam a propriedade privada.
Neste sentido, eles se tornam uma massa de manobra de alto potencial de manipulação, pois são mais facilmente dirigidos contra um “símbolo” do capitalismo e do consumo, como que é o caso dos shopping centers. Observe-se que os representantes da esquerda governamental logo fizeram declarações contra a “discriminação racial”, a favor dos “excluídos” que não seriam tolerados pelas “elites”, contra os “conservadores” e assim por diante. Eles procuraram imediatamente se colocar junto aos “rolezinhos” visando a cooptá-los e, na verdade, a arregimentá-los às suas hostes. Estaria em curso um processo de apropriação dos rolezinhos na perspectiva dos movimentos sociais organizados, estilo sem-teto/MST, CUT, UNE e outros congêneres.
O que está hoje em foco é toda uma campanha de formação da opinião pública de parte desses grupos mais à esquerda, visando a criar uma mentalidade contrária aos shopping centers, que sirva de base às ações de ocupação/invasão. É como se os shoppings se colocassem de forma contrária à liberdade constitucional de ir e vir. Vejamos os termos desta falácia:
— Corredores de shoppings não podem ser equiparados a ruas ou praças, os primeiros sendo locais que pertencem a empresas, enquanto os segundos são locais públicos. Não se pode confundir um local com acesso público com um local público.
— Se os corredores de shoppings são “ocupados” por correrias e grupos de centenas ou milhares de pessoas correndo de um lugar para outro, os frequentadores habituais desses estabelecimentos privados não possuem mais nenhuma liberdade de ir e vir.
— Corredores de shoppings não são pensados como locais para manifestações públicas, estando voltados para sua atividade fim, que é comercial. Não se pode a eles aplicar a lógica das ruas e praças que obedecem, isto sim, a outras finalidades.
— Mesmo no caso de ruas, por exemplo, o Poder Público não permite que elas sejam aleatoriamente “ocupadas” por centenas e milhares de manifestantes, precisamente por impedirem a liberdade de ir e vir de outros cidadãos. Se isto não vale nem para as ruas, por que valeria para os shoppings?
— Os tumultos ocasionados por essas manifestações em shoppings, além de desrespeitarem a liberdade de ir e vir dos frequentadores habituais de shoppings, podem suscitar medo em pessoas que lá passeiam com crianças. O mesmo ocorre com idosos, que podem se sentir ameaçados por jovens que correm de um lugar para outro.
Há uma questão da maior relevância, relativa à construção e arquitetura dos shoppings, planejados para serem visitados por um número médio determinado de pessoas, segundo um desenho específico. Não são pensados para abrigarem manifestações públicas. A sua arquitetura não permite uma invasão de milhares de pessoas para correrem em seus interiores, cantando e criando tumulto. Para este efeito, não importa que sejam jovens, idosos, brancos, negros, homens ou mulheres. Não há aqui nenhuma questão de discriminação, mas tão somente de quantidade e de forma de manifestação.
Cuidado com a ótica ideológica, ela pode obliterar a visão!

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/decifrando-os-rolezinhos-11401425#ixzz2uMq2XDoy 
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O que a imprensa internacional diz sobre os rolezinhos, ou "little strolls"
REDAÇÃO ÉPOCA
17/01/2014 17h00 - Atualizado em 17/01/2014 17h24

Os rolezinhos se espalharam por São Paulo, chamaram a atenção da imprensa nacional e agora estão nas páginas dos principais jornais do mundo. Ora se referindo a "flash mobs", ora a "little strolls", a imprensa internacional publicou textos tentando explicar o fênomeno brasileiro, desde as reuniões massivas de jovens nos Shoppings de São Paulo e a cultura da periferia até o medo de lojistas e comerciantes.
Os rolezinhos são reuniões informais, marcadas via redes sociais, como o Facebook, por jovens das periferias nos shoppings em São Paulo. Os primeiros rolezinhos foram marcados no final do ano passado. No dia 7 de dezembro, no Shopping Itaquera, na zona leste da capital, mais de 6 mil jovens se reuniram para "dar um rolê" - e ao mesmo tempo deixando lojista em pânico. Após outros rolezinhos, shoppings conseguiram ordens judiciais proibindo o evento.
A Bloomberg explica o fênomeno dizendo que eles são causados em parte pela falta de espaços públicos de lazer em São Paulo. Eles conversaram com Jefferson Luis, um dos criadores de um evento de rolezinho no Facebook. "Os jovens querem demonstrar que têm o mesmo direito de visitar os shoppings que as classes mais altas", disse.
Por ser um veículo voltado para o mundo dos negócios, a Bloomberg também optou por falar dos riscos para os shoppings. Ela cita um analista do banco JP Morgan sobre o medo dos lojistas e o risco de grupos radicais, como os Black Blocs, se juntarem a multidão gerada pelos rolezinhos. "Qualquer tipo de movimento que saia um pouco do controle gera medo de atrair grupos mais agressivos. A possibilidade de um dano indireto - que não foi visto ainda - seria afastar consumidores dos shoppings". A matéria também lembra as manifestações de junho, que derrubaram a popularidade da presidente Dilma Rousseff.
Outros veículos preferiram relacionar o caso com a cultura associada a periferia das grandes cidades brasileiras. A revista americanca The Atlantic fez a ligação dos rolezinhos com o funk ostentação. A Atlantic entrevistou o ex-subprefeito de Cidade Tiradentes Renato Barreido. "Os jovens aspiram carros e bebidas, um sinal de uma geração que, apesar de ainda pobre, está mais integrada ao capitalismo".
Segundo a revista, a recente lei sancionada pelo prefeito Fernando Haddad pode estar relacionada com os rolezinhos. A lei, que foi apelidada de Lei do Pancadão, prevê multa, que varia entre R$ 1 mil e R$ 4 mil, para donos de carros com som alto na rua. O texto é interpretado como uma forma de coibir bailes funk que ocorrem nas ruas. "A nova lei parece estar alimentando um sentimento crescente entre os jovens da periferia de que não há nenhum lugar para eles irem", diz a revista.
Já o espanhol El Pais entrevistou quatro intelectuais brasileiros e publicou um texto ligando a repressão aos rolezinhos às desigualdades sociais e ao racismo no Brasil. "O Brasil coleciona histórias de discriminações nos centros comerciais", diz o jornal, lembrando casos como o domúsico cubano Pedro Damian Bandera Izquierdo, que acusou o Shopping Cidade Jardim de racismo e discriminação e ganhou uma indenização na Justiça. "O rolezinho chama a atenção para o fato de que o Brasil é um país racista", diz Paulo Lins, autor do livro Cidade de Deus, ao jornal espanhol.
Um dos jornais mais prestigiados do mundo, o New York Times publicou um artigo de opinião sobre os rolezinhos. No artigo "De quem é este shopping?", a escritora Vanessa Barbara fala da repressão ao movimento dos jovens, dos choques da polícia e dos esquemas de segurança impostos pelo Shopping JK Iguatemi para impedir rolezinhos. "Tudo isso porque os jovens querem (como eles escreveram no Facebook): 'subir e descer a escada rolante', 'apertar todos os botões do elevador', 'entrar no cinema pela porta de saída'. 'Vamos aparecer no shopping amanhã porque a gente não tem nada para fazer', eles escreveram, em uma confusa mistura de letras maiúsculas e gírias", diz Vanessa.
Leia mais sobre esse assunto em http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2014/01/o-que-imprensa-internacional-diz-sobre-os-rolezinhos-ou-blittle-strollsb.html


Assista também esse vídeo produzido pela Revista Veja SP, uma matéria bem ponderada sobre este tema: