Com base na leitura dos textos motivadores, charges, vídeo e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da Língua Portuguesa sobre o seguinte tema: “Rolezinho: o que ele revela sobre o Brasil?"
Leve em consideração as ideias oferecidas pela coletânea a seguir, mobilize argumentos, levante fatos, dados, exemplos que levem seu texto a ir além do senso comum e realizar uma crítica análise da problemática imposta.
Decifrando os rolezinhos
Jornal O Globo
Denis Lerrer Rosenfield
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[...]Note-se que, nas jornadas de junho, os jovens se manifestaram nas ruas, que é o local mais adequado para esse tipo de mobilização. Não houve, em seu primeiro momento, nenhuma conotação anticapitalista, mas sim, pelo contrário, uma indignação apartidária em relação aos governos federal, estaduais e municipais, pela péssima qualidade dos serviços públicos. Ademais, havia uma clara insatisfação em relação aos partidos políticos e movimentos sociais organizados.
Agora, há uma diferença essencial. As manifestações estão sendo feitas em shopping centers, que são locais privados, empresariais. Isto é, os manifestantes, mesmo os genuínos rolezinhos, apesar de gostarem de roupas de grife, já se dirigem a estabelecimentos privados, apagando a distinção entre o público e o privado. De um lado, identificam-se com a economia de mercado e o consumo, procurando ter mais de seus produtos; são pró-capitalistas nesta perspectiva. De outro lado, não respeitam a propriedade privada.
Neste sentido, eles se tornam uma massa de manobra de alto potencial de manipulação, pois são mais facilmente dirigidos contra um “símbolo” do capitalismo e do consumo, como que é o caso dos shopping centers. Observe-se que os representantes da esquerda governamental logo fizeram declarações contra a “discriminação racial”, a favor dos “excluídos” que não seriam tolerados pelas “elites”, contra os “conservadores” e assim por diante. Eles procuraram imediatamente se colocar junto aos “rolezinhos” visando a cooptá-los e, na verdade, a arregimentá-los às suas hostes. Estaria em curso um processo de apropriação dos rolezinhos na perspectiva dos movimentos sociais organizados, estilo sem-teto/MST, CUT, UNE e outros congêneres.
O que está hoje em foco é toda uma campanha de formação da opinião pública de parte desses grupos mais à esquerda, visando a criar uma mentalidade contrária aos shopping centers, que sirva de base às ações de ocupação/invasão. É como se os shoppings se colocassem de forma contrária à liberdade constitucional de ir e vir. Vejamos os termos desta falácia:
— Corredores de shoppings não podem ser equiparados a ruas ou praças, os primeiros sendo locais que pertencem a empresas, enquanto os segundos são locais públicos. Não se pode confundir um local com acesso público com um local público.
— Se os corredores de shoppings são “ocupados” por correrias e grupos de centenas ou milhares de pessoas correndo de um lugar para outro, os frequentadores habituais desses estabelecimentos privados não possuem mais nenhuma liberdade de ir e vir.
— Corredores de shoppings não são pensados como locais para manifestações públicas, estando voltados para sua atividade fim, que é comercial. Não se pode a eles aplicar a lógica das ruas e praças que obedecem, isto sim, a outras finalidades.
— Mesmo no caso de ruas, por exemplo, o Poder Público não permite que elas sejam aleatoriamente “ocupadas” por centenas e milhares de manifestantes, precisamente por impedirem a liberdade de ir e vir de outros cidadãos. Se isto não vale nem para as ruas, por que valeria para os shoppings?
— Os tumultos ocasionados por essas manifestações em shoppings, além de desrespeitarem a liberdade de ir e vir dos frequentadores habituais de shoppings, podem suscitar medo em pessoas que lá passeiam com crianças. O mesmo ocorre com idosos, que podem se sentir ameaçados por jovens que correm de um lugar para outro.
Há uma questão da maior relevância, relativa à construção e arquitetura dos shoppings, planejados para serem visitados por um número médio determinado de pessoas, segundo um desenho específico. Não são pensados para abrigarem manifestações públicas. A sua arquitetura não permite uma invasão de milhares de pessoas para correrem em seus interiores, cantando e criando tumulto. Para este efeito, não importa que sejam jovens, idosos, brancos, negros, homens ou mulheres. Não há aqui nenhuma questão de discriminação, mas tão somente de quantidade e de forma de manifestação.
Cuidado com a ótica ideológica, ela pode obliterar a visão!
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/decifrando-os-rolezinhos-11401425#ixzz2uMq2XDoy
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REDAÇÃO ÉPOCA
17/01/2014 17h00 - Atualizado em 17/01/2014 17h24
Os rolezinhos se espalharam por São Paulo, chamaram a atenção da imprensa nacional e agora estão nas páginas dos principais jornais do mundo. Ora se referindo a "flash mobs", ora a "little strolls", a imprensa internacional publicou textos tentando explicar o fênomeno brasileiro, desde as reuniões massivas de jovens nos Shoppings de São Paulo e a cultura da periferia até o medo de lojistas e comerciantes.
Os rolezinhos são reuniões informais, marcadas via redes sociais, como o Facebook, por jovens das periferias nos shoppings em São Paulo. Os primeiros rolezinhos foram marcados no final do ano passado. No dia 7 de dezembro, no Shopping Itaquera, na zona leste da capital, mais de 6 mil jovens se reuniram para "dar um rolê" - e ao mesmo tempo deixando lojista em pânico. Após outros rolezinhos, shoppings conseguiram ordens judiciais proibindo o evento.
A Bloomberg explica o fênomeno dizendo que eles são causados em parte pela falta de espaços públicos de lazer em São Paulo. Eles conversaram com Jefferson Luis, um dos criadores de um evento de rolezinho no Facebook. "Os jovens querem demonstrar que têm o mesmo direito de visitar os shoppings que as classes mais altas", disse.
Por ser um veículo voltado para o mundo dos negócios, a Bloomberg também optou por falar dos riscos para os shoppings. Ela cita um analista do banco JP Morgan sobre o medo dos lojistas e o risco de grupos radicais, como os Black Blocs, se juntarem a multidão gerada pelos rolezinhos. "Qualquer tipo de movimento que saia um pouco do controle gera medo de atrair grupos mais agressivos. A possibilidade de um dano indireto - que não foi visto ainda - seria afastar consumidores dos shoppings". A matéria também lembra as manifestações de junho, que derrubaram a popularidade da presidente Dilma Rousseff.
Outros veículos preferiram relacionar o caso com a cultura associada a periferia das grandes cidades brasileiras. A revista americanca The Atlantic fez a ligação dos rolezinhos com o funk ostentação. A Atlantic entrevistou o ex-subprefeito de Cidade Tiradentes Renato Barreido. "Os jovens aspiram carros e bebidas, um sinal de uma geração que, apesar de ainda pobre, está mais integrada ao capitalismo".
Segundo a revista, a recente lei sancionada pelo prefeito Fernando Haddad pode estar relacionada com os rolezinhos. A lei, que foi apelidada de Lei do Pancadão, prevê multa, que varia entre R$ 1 mil e R$ 4 mil, para donos de carros com som alto na rua. O texto é interpretado como uma forma de coibir bailes funk que ocorrem nas ruas. "A nova lei parece estar alimentando um sentimento crescente entre os jovens da periferia de que não há nenhum lugar para eles irem", diz a revista.
Já o espanhol El Pais entrevistou quatro intelectuais brasileiros e publicou um texto ligando a repressão aos rolezinhos às desigualdades sociais e ao racismo no Brasil. "O Brasil coleciona histórias de discriminações nos centros comerciais", diz o jornal, lembrando casos como o domúsico cubano Pedro Damian Bandera Izquierdo, que acusou o Shopping Cidade Jardim de racismo e discriminação e ganhou uma indenização na Justiça. "O rolezinho chama a atenção para o fato de que o Brasil é um país racista", diz Paulo Lins, autor do livro Cidade de Deus, ao jornal espanhol.
Um dos jornais mais prestigiados do mundo, o New York Times publicou um artigo de opinião sobre os rolezinhos. No artigo "De quem é este shopping?", a escritora Vanessa Barbara fala da repressão ao movimento dos jovens, dos choques da polícia e dos esquemas de segurança impostos pelo Shopping JK Iguatemi para impedir rolezinhos. "Tudo isso porque os jovens querem (como eles escreveram no Facebook): 'subir e descer a escada rolante', 'apertar todos os botões do elevador', 'entrar no cinema pela porta de saída'. 'Vamos aparecer no shopping amanhã porque a gente não tem nada para fazer', eles escreveram, em uma confusa mistura de letras maiúsculas e gírias", diz Vanessa.
Leia mais sobre esse assunto em http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2014/01/o-que-imprensa-internacional-diz-sobre-os-rolezinhos-ou-blittle-strollsb.html
Assista também esse vídeo produzido pela Revista Veja SP, uma matéria bem ponderada sobre este tema:

