Fato é que as redes sociais estão presentes em nosso dia a dia. Mas, afinal, até onde elas podem influenciar a sociedade? É possível ter noção da sua força? São elas apenas simples aplicativos que permitem a troca de ideias e fotos, bate papo, onde se procura por amigos e colegas de escola e se promove encontros, incentivando relacionamentos? Elas permitem uma nova maneira de participação da sociedade, com interessantes aplicativos que dão suporte e facilitam os relacionamentos, com intensa e diversificada participação de todos, de olhos nas mudanças no mundo, mas em um mínimo espaço de tempo, tudo muito rápido, em um clique apenas.
Quantas vezes por dia ouvimos falar das redes sociais, não é mesmo? Falam sobre as últimas novidades e os aplicativos a serem lançados, sobre as formas de uso, sua interação com telefones celulares e até mesmo com a TV de casa e por aí vai. Já é do conhecimento de todos a força dessas redes, que elas vieram pra ficar e que influenciam (e muito!) a sociedade.
A nova geração que está aí já começa a vida teclando e vivenciando um mundo rápido, instantâneo, com troca de informações a cada instante, convivendo com um enorme volume de informações. Eles sabem o quanto as redes sociais são importantes no seu dia-a-dia. Têm de tudo, da troca de informações e opiniões aos encontros de ex-alunos, disponibilização de fotos, dicas de todo o tipo e até mesmo propostas de namoro e de emprego. Muitos dizem ser mais um modismo da internet, e geralmente quem é mais velho fala que é "coisa da garotada". Mas está cada vez mais claro que não é nada disso.
Fatos
Alguns importantes acontecimentos mundiais tiveram uma intensa participação das redes sociais e parte da solução dos problemas foi derivada das atuações nelas.
Um exemplo? Vamos ao caso da tragédia na região serrana do Rio de Janeiro. Aos poucos, foram surgindo comunidades e grupos no Orkut e no Facebook e perfis no Twitter. A sociedade mostrou-se madura, solidária e participativa, conseguindo junto aos órgãos públicos grandes conquistas para as comunidades sofridas, agilizou os processos de doações de remédios a coletas de sangue, divulgou a situação de varias áreas através de fotos e dicas de acesso, dados de meteorologia e mapas.
Muito do sucesso dessas ações deve-se, sem dúvida, à participação de inúmeras pessoas nas redes sociais, tudo sem estrelismos ou competições, apenas pelo puro sentimento de ajuda ao próximo, um verdadeiro trabalho altruísta.
As redes mostraram a sua importância, deixando de lado tempo e espaço, influenciando o destino de dezenas de pessoas, através da rápida disponibilização de informações relevantes, de forma que muitos puderam usufruir deste ambiente e agir junto aos necessitados.
Conclusão
A certeza que temos é de que cada vez vivemos num mundo menor e interligado. E que isso é bom!
Um desastre como esse desencadeou uma gigantesca mobilização, que ultrapassou as fronteiras do país, e as redes sociais mostraram que têm um valor inestimável, marcaram um importante ponto, principalmente quando somado à força humana envolvida em ações dessa natureza.
Vimos que as redes sociais servem como um lugar de relacionamento entre pessoas e aí, aproveitar-se disso a favor do próximo, é ou não é uma boa ideia?
A todos os que participaram desta corrente positiva, meus sinceros parabéns!
Você conhece algum fato em que as redes sociais tiveram papel fundamental? Não deixe de falar nos comentários!
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Você é viciado em redes sociais?
O Brasil é campeão mundial no uso das redes sociais. Oito em cada dez brasileiros conectados têm contas ativas em sites como Orkut, Twitter ou Facebook, segundo um levantamento da consultoria Nielsen. Para muitos, manter o perfil atualizado e as conversas em dia é uma maneira prática e eficiente de fazer contato com os amigos, conhecer novas pessoas, marcar encontros, paquerar, jogar etc. Para alguns, é bem mais que isso: é uma obsessão. O site de VEJA elaborou um teste, com o auxílio da psicóloga Luciana Nunes, diretora-executiva do Instituto Psicoinfo, para ajudar o internauta a descobrir sinais de dependência aos sites de relacionamento.
Na prática, o usuário de rede social não sabe quanto tempo gasta compartilhando fotos, vídeos e confidências em frente a um computador, no celular ou tablets. É esta uma das armadilhas: o usuário custa a perceber que a atividade virou uma mania, e qualquer impedimento, uma fonte de ansiedade. Para conter os abusos, a psicóloga sugere que o internauta pergunte a si mesmo: “O meu objetivo é estar conectado com amigos? Ou minha meta é ter 5000 amigos?”. E orienta: “Limite o seu tempo e conheça seus objetivos nas redes”.
Por: Rafael Sbarai e Renata Honorato
Fonte: Veja.Abril
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Internet mudou o cotidiano do mundo
"A internet é a grande via da comunicação moderna, livre e independente", afirma Kátya Chamma, poeta brasileira.
No próximo dia 17 de maio, comemora-se o Dia Mundial da Internet, a data da comemoração foi definida por um decreto da Organização das Nações Unidas - ONU, do dia 19 de janeiro de 2006. E de fato a tecnologia merece uma homenagem, já que representou uma grande revolução na história da humanidade. A internet diminui as fronteiras terrestres, fusos horários e transformou o acesso e a construção do conhecimento.
O governo também se utiliza deste recurso para acelerar e aprimorar o relacionamento com o cidadão. O Brasil é referência mundial, quando se trata de programas de governo eletrônico. O início da entrega da declaração do imposto de renda pela internet, data de 1997, e até hoje configura-se um desafio para países desenvolvidos.
Histórico
A Internet nasceu em meio a Guerra Fria, sendo consequência de um projeto da Agência Norte-Americana ARPA (Advanced Research and Projects Agency), com o objetivo de criar um canal de comunicação que não fosse centralizado e vulnerável no caso de um ataque nuclear. O projeto Arpanet começou a crescer e atender, também, universidades e instituições científicas. Descobertas, inovações e personalidades são os responsáveis pela estruturação da Internet, como é conhecida hoje.
Já no Brasil, a Internet teve seu passo inicial em 1989, com a criação da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. A RNP tinha o objetivo de construir uma infra-estrutura de rede Internet nacional de âmbito acadêmico e disseminar o uso de redes no país. Em 1995, iniciou-se a abertura da Internet comercial nacionalmente e a RNP estendeu seus serviços de acesso a todos os setores da sociedade, oferecendo apoio à consolidação da Internet comercial no Brasil.
Estatísticas no Brasil
O número de computadores nos domicílios cresceu nos últimos quatro anos em média 18%. A conexão à internet cresceu 16%, sendo que a conexão discada ainda supera o acesso por banda larga. Atualmente, existem 11 milhões de conexões de banda larga no país e 12 milhões de conexões discadas.
Do total de usuários brasileiros que acessam a internet, 21% possuem mais de 10 anos de idade. Segundo o IBGE, os internautas têm em média 28 anos, rendimento médio mensal domiciliar per capita de R$ 1.000 e escolaridade de 10,7 anos. Os acessos variam de ambientes como: casa (25,5 milhões), trabalho ou centros públicos ou privados. Cada internauta residencial permanece conectado 26 horas e 15 minutos no mês.
Hoje, o Brasil é o 6º país do mundo com o maior número de domínios, somando 1,6 milhão de registros com o final .br. O forte dos brasileiros no mundo virtual é a participação em redes sociais de relaciomento, o Orkut indica que 49% de seus usuários são brasileiros. Dos 54 milhões de internautas no país, estima-se que 76% deles possuem perfil no Orkut.
Deafios
O Brasil está colocado em 59º no ranking dos países mais conectados à rede. Embora, seja um bom resultado para um país em desenvolvimento, o Brasil ainda precisa acelerar o processo de inclusão digital das comunidades carentes e das mais distantes dos centros urbanos.
O governo federal aposta nas iniciativas de inclusão digital das instituições públicas, como a instalação de telecentros, para amenizar o abismo social e digital que existe entre as classes mais abastadas e mais humildes. Porém, ainda pesquisa estratégias para iluminar pontos mais remotos do país, os quais não dispõem de infra-estrutura necessária para oferecer o acesso à Internet, seja por banda larga ou conexão discada.
O governo, inclusive, discutirá em Audiência Pública, o Projeto Nacional de Apoio a Telecentros, que será realizada no dia 19 de maio de 2009, em todo o país. Confira as instruções para participar do evento e locais de realização.
Loyanne Salles (Serpro - Brasília, 15 de maio de 2009)
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De acordo com a Revista Super Interessante da nova edição que diz: "O Facebook ganha 700 mil membros
todos os dias e 45 milhões de atualizações são feitas diariamente. O volume de
informações produzida diariamente na internet não cansa de aumentar. os 900 mil
artigos publicados em blogs a cada 24 horas preencheriam as páginas impressas do
The New York Times por 19 anos. E os 43,3 milhões de GB transferidos entre
smartphones no mundo ocupariam 9,2 milhões de DVDs. E-mails? 210 bilhões por
dia."
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A juventude em rede
Como pensam e se comportam os adolescentes de
hoje: filhos da revolução tecnológica, eles vivem no mundo digital, são
pragmáticos, pouco idealistas e estão mais desorientados do que
nunca

Anna
Paula Buchalla
"Alguém tinha deixado uma revista no banco, ao meu
lado, e comecei a ler, achando que assim ia parar de pensar no Professor
Antolini e num milhão de outras coisas, pelo menos durante algum tempo. Mas a
porcaria do artigo que comecei a ler quase que me fez sentir pior ainda. Era
sobre os hormônios. Mostrava a aparência que a gente deve ter – a cara, os olhos
e tudo – quando os hormônios estão funcionando direito, e eu estava todo ao
contrário. Estava parecendo exatamente com o sujeito do artigo, que estava com
os hormônios todos funcionando errado. Por isso comecei a ficar preocupado com
os meus hormônios. Aí li outro artigo, sobre a maneira pela qual a gente pode
saber se tem câncer ou não. Dizia lá que, se a gente tem alguma ferida na boca
que demora a sarar, então isso é sinal de que a gente provavelmente está com
câncer. E eu já estava com aquele machucado na parte de dentro do lábio há umas
duas semanas. (...) Calculei que devia morrer dentro de uns dois meses,
já que estava com câncer. Foi mesmo. Eu estava certo de que ia morrer.
Evidentemente, essa ideia não me deixou muito satisfeito."
O trecho do parágrafo anterior é de um romance que,
durante décadas, foi o livro de cabeceira de milhões de jovens ao redor do
mundo: O Apanhador no Campo de Centeio, do americano J.D. Salinger.
Lançado em 1951, ele é um registro magistral das perplexidades, anseios, medos e
descobertas de um adolescente que foge do colégio interno, vaga sem destino
certo e acaba internado numa clínica, por "esgotamento", onde resolve fazer o
relato de seu périplo. Quem leu o livro dificilmente esquece o nome do
personagem: Holden Caulfield, para quem tudo (ou quase tudo) é uma porcaria. E
para quem tudo (ou quase tudo) é motivo de saudade. Paradoxos de quem tem os
hormônios "funcionando errado", claro. Os adolescentes continuam a ter um quê de
Holden Caulfield dentro de si, mas mudaram muito desde que Salinger publicou seu
romance. Mudaram muito porque mudamos todos nós, e bastante. Em parte, houve
evolução; em parte, talvez, involução. Ganhou-se em liberdade e pragmatismo;
perdeu-se em encantamento e idealismo. Os jovens não poderiam ficar fora da
curva dessa trajetória.
VEJA foi a campo tentar descobrir como os
adolescentes atuais poderiam ser identificados se tomados como um todo. Sim, é
uma generalização, e como toda generalização deve ser olhada com cuidado. Mas
quem sabe ela possa subsidiar pais angustiados (e irritados) com moças e rapazes
para quem, de uma hora para outra, eles, antes tão adorados, se tornaram
"ridículos". Durante dois meses, a revista ouviu dezenas de jovens, pais,
psicólogos e educadores sobre os desejos, dúvidas, receios e ambições da
adolescência dos anos 2000. Uma enquete com 527 pais e jovens de 13 a 19 anos de
todo o país, disponibilizada por uma semana no site VEJA.com, identificou
hábitos e comportamentos da geração que daqui a vinte anos estará no comando do
país. Eis algumas conclusões: os meninos e meninas que nasceram a partir de 1990
não almejam fazer nenhum tipo de revolução – nem sexual nem política, como
sonhavam os jovens dos anos 60 e 70. Mudar o mundo não é com eles. O que querem
mesmo é ganhar um bom dinheiro com seu trabalho. São também mais conservadores
em relação aos valores familiares (embora os pais, lógico, sejam "ridículos"),
de acordo com o maior estudo de hábitos e atitudes da população adolescente
brasileira, conduzido pela empresa de consultoria Research International. Fruto
da revolução tecnológica e da globalização, eles formam, ainda, a geração do
"tudo-ao-mesmo-tempo-e-agora" (uma das inúmeras expressões com as quais os
especialistas tentam defini-los). São capazes de realizar várias atividades ao
mesmo tempo (as de estudo, nem sempre a contento), porque celular, iPod,
computador e videogame praticamente viraram uma extensão do corpo e dos
sentidos. É, enfim, uma juventude que vive em rede, com tudo de bom e de ruim
que isso significa. Afirma Felipe Mendes, diretor-geral da Research
International: "O que preocupa nesta geração é que eles são concretos em relação
a dinheiro e trabalho, mas muito básicos em seus sonhos e impessoais e virtuais
nos prazeres que deveriam ser reais".
O fato de estarem sempre conectados os leva a ter
interesse por mais assuntos e a ser mais bem informados de maneira geral. O lado
ruim é que raramente tentam aprofundar-se em algum tema. Mudam de opinião com
rapidez e frequência proporcionais ao liga-desliga do computador. Mais do que
ocorria nas gerações de jovens anteriores, suas decisões costumam estar envoltas
em interrogações, como se a vida fosse um eterno teste de múltipla escolha.
Plugados ao mundo, aos sites de relacionamentos como Orkut e aos serviços de
mensagens instantâneas, eles movem-se em rede e estão menos divididos em tribos.
E é justamente isso que os faz menos preconceituosos com as diferenças: 44% dos
participantes da pesquisa da Research International têm amigos próximos com uma
orientação sexual diferente da sua. É um dos melhores aspectos do lado bom.
O frenesi da era digital ajuda a empurrar esses
adolescentes a trocar de amores, amizades, cursos e aspirações como quem troca
de tênis. "É uma sucessão de reinícios, com finais rápidos e indolores", define
o sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Mas, como não é possível recusar sempre a
vivência da dor, a contrapartida pode ser o aumento da ansiedade em relação a
relacionamentos pessoais e opções profissionais. "Você quer tudo e, ao mesmo
tempo, não sabe o que quer", diz Marcela Lucato, de 16 anos. A frase resume bem
o porquê de eles nunca se mostrarem completamente satisfeitos. São tantas opções
de escolha sobre o que fazer e aonde ir e tanta liberdade de decisão que eles se
perdem. "O melhor de ser jovem hoje é ter liberdade de escolha. Mas é difícil
decidir, não temos prioridades", afirma Giuliana Locoselli, de 16 anos. Está
certo que uma das características da geração atual em relação às anteriores é o
fato de que moças e rapazes demoram mais para se decidir em relação à carreira a
ser seguida. O dado positivo é que, nesse meio-tempo, eles articulam uma rede de
contatos tão grandiosa que, no futuro, poderá ajudá-los profissionalmente.
Apesar de todas as incertezas, um trabalho que os faça ricos é o sonho de 64%
dos adolescentes. Faz sentido: os jovens de hoje estão caros. Caros, não,
caríssimos. Eles custam cinco vezes mais do que há trinta anos (veja o
quadro). E, para aumentar mais os gastos familiares, são grandes
influenciadores das compras dos próprios pais. Em nove de cada dez famílias que
adquirem eletroeletrônicos, a decisão de qual aparelho levar é deles. Cerca de
45% dos adolescentes brasileiros correm às lojas assim que um novo gadget é
lançado, segundo uma pesquisa da empresa Deloitte.
O excesso de excesso de exposição dos adolescentes
em sites de relacionamentos é, sim, motivo de preocupação. A agenda trancada a
chave do passado deu lugar a trocas de mensagens apaixonadas ou comentários
sobre a vida própria e a alheia para todo mundo ler. Lá estão também fotos da
família, dos amigos, do namorado, da "ficante" e por aí vai. "A privacidade não
existe mais para eles", diz Claudia Xavier da Costa Souza, coordenadora do
centro pedagógico do Colégio Porto Seguro. Expõem-se tanto a ponto de já terem
sido chamados de a geração look at me ("olhe para mim"). "Esse fato, para
além dos problemas circunstanciais que pode acarretar, dificulta o
desenvolvimento da capacidade de autorreflexão e introspecção, o que é essencial
para o crescimento", diz a psicóloga Ceres Alves de Araujo.
Com uma rede de conhecidos tão vasta, o número de
festas é enorme. Se os pais deixarem, eles saem de domingo a domingo. Nessas
saídas, que podem se arrastar até o dia seguinte, pode haver muita bebida e
droga, especialmente as sintéticas. Uma pesquisa da Organização das Nações
Unidas revela que 35% dos adolescentes brasileiros de 12 a 14 anos consumiram
algum tipo de bebida alcoólica no mês anterior ao estudo – é a taxa mais alta da
América Latina. Entre os brasileiros de 15 a 16 anos, esse índice sobe para 56%.
As meninas são um capítulo à parte nesse cenário. Elas estão se expondo mais
precocemente que os meninos aos perigos do álcool e das drogas. Como elas
amadurecem antes, inclusive fisicamente, é mais fácil para a maioria entrar nas
festas dos mais velhos, onde a bebida corre sem nenhum controle. Basta uma
visita a qualquer supermercado numa noite de sábado para testemunhar grupos de
adolescentes se preparando para o que chamam de "esquenta" – ou seja, beber na
casa de um deles antes de ir para a festa. Muitos entram nas baladas com vodca
em garrafas de água mineral. Bem, Holden Caulfield não faria diferente...
E em que reside a maior culpa dos pais de hoje? Em
não saber dizer o velho, bom e sonoro "não". É como se, para eles, negativas
pertinentes a comportamentos inaceitáveis equivalessem a um castigo físico,
afirmam os especialistas em adolescentes. "Há ainda um outro fator: a falta de
cobrança. Ela tem como corolário a falta de responsabilidade na vida adulta",
diz Silvana Leporace, coordenadora educacional do Colégio Dante Alighieri, em
São Paulo. Portanto, atenção: se hoje seria uma perversidade colocar seu Holden
Caulfield num internato ou algo que o valha, como fizeram os "velhos" do
personagem de Salinger, é um tremendo erro cair no extremo oposto – o de deixar
como está para ver como é que fica, enquanto se finge ser liberal. Dá para
controlar um adolescente em condições razoavelmente normais de temperatura e
pressão ou, ao menos, suportá-lo sem maiores traumas? Dá. Eis aí algumas
sugestões de educadores e psicólogos para que você não perca completamente a
cabeça (uma parte dela é aceitável):
• Quando o jovem bebeDiante de
evidências tão claras quanto as da série Law & Order, os pais nunca
devem perguntar: "Você bebeu?". Nesse caso, eles correm o risco de ter dois
problemas – a bebida e a mentira. É bom que os pais sejam firmes e informem o
jovem de que eles sabem da bebida. Proibir o filho de beber não tem efeito
prático nenhum. O melhor a fazer é explicar os riscos do consumo excessivo de
álcool. Em geral, conversas francas e amigáveis dão mais resultado que a
gritaria.
• Quando ele insiste em não atender o
celularOs pais devem deixar claro que o jovem tem o aparelho por dois
motivos: para que tenha autonomia e eles, tranquilidade. Se o adolescente não
atende as ligações dos pais, deve perder a liberdade que lhe foi concedida. Um
exemplo: se o horário para chegar em casa é às 3 da manhã, da próxima vez ele
deverá chegar à 1. Faça-o entender que cabe a ele reconquistar a confiança dos
pais.
• Quando ele abusa do telefone
Não há
como exigir que um adolescente controle os gastos com telefonia. A alternativa é
dar-lhe um celular pré-pago. No caso do telefone fixo, antes de recorrer a
cadeados ou bloqueios da linha por senha, desconte da mesada o valor das longas,
longuíssimas conversas com amigos e afins.
• Quando o adolescente se expõe demais na
internet
Cabe ao pai e à mãe mostrar o que eles pensam a respeito da
intimidade devassada na rede. É direito e dever deles dar sua opinião ao filho,
mas não é possível exigir que o adolescente aja da forma pretendida pelos pais.
Se o excesso de exposição resultar em fofocas que cheguem aos ouvidos paternos,
o melhor a fazer é consultar um psicólogo.
• Quando há excesso de discussão entre pais e
filhos "Falar com o filho é fundamental, mas não na condição de amigo.
Um diálogo entre pais e filhos, quando trata de assuntos decisivos e espinhosos,
como sexo, autonomia e responsabilidade com os estudos, é sempre delicado. Pode
fluir numa comunicação tranquila, mas nem por isso será fácil", diz a
psicanalista Diana Corso. Se você nunca experimentou uma "comunicação
tranquila", e acha que isso será impossível até que ele ou ela caia em si depois
da descarga hormonal da adolescência, tenha em mente que toda discussão deve ter
limite. É um erro bater boca com um adolescente. Não leva a lugar algum. O ideal
é deixá-lo falando sozinho. Quando a situação se acalmar, de ambos os lados, é
hora de sentar e tentar conversar outra vez. Se pais e filhos caírem numa rotina
de bate-boca, será preciso buscar outros meios de comunicação – de preferência o
e-mail, um instrumento ao qual o adolescente está mais do que habituado.
Boa sorte.
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Invasão de privacidade?
O surgimento da internet derrubou barreiras e colocou a relação entre pessoas, marcas e empresas em um novo patamar. Como toda revolução, a digital também deixou arestas a serem aparadas. Uma delas é a coleta e utilização dos dados dos internautas e do histórico de navegação pelas páginas da web com fins comerciais. A questão coloca frente a frente o direito fundamental à privacidade e à intimidade e a possibilidade de melhorar a eficiência da comunicação online.
Polêmico, o assunto é tema de um projeto de lei nos Estados Unidos que pretende garantir o direito individual do consumidor de controlar que tipo de informação poderá ser coletada e a transparência quanto ao uso da informação obtida. A União Europeia já criou uma lei específica, embora muitos Estados-membros ainda não tenham transposto as novas diretrizes para a sua legislação nacional.
Já no Brasil, a política de privacidade aplicada pelas empresas pontocom será discutida em uma audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, ainda sem data definida. O pedido foi feito pelo deputado Paulo Pimenta (PT/RS) a partir da unificação dos termos de compromisso do Google, em vigor desde 1o de março, que criou um regulamento único para substituir os mais de 60 conjuntos de regras existentes.
O poder de fogo que as informações coletadas dão às empresas é inquestionável. Segundo uma pesquisa da Blinq Media, de fevereiro de 2011, anúncios segmentados potencializam o compartilhamento da mensagem e as taxas de cliques. “As taxas de cliques para campanhas no Facebook foram de 7,5 vezes maiores para anúncios segmentados com características demográficas e informações de interesse do usuário do que para os anúncios não segmentados”, aponta Leonardo Longo, gerente de mídia digital da Ambev. Mas qual o limite para a obtenção e uso destas informações?
Internet
“O controle deve estar nas mãos dos usuários. Cada um deveria poder modular o quanto e com quem quer compartilhar de acordo com seu desejo. O usuário tem o direito de saber que tipo de informação é coletada, assim como também as ferramentas para tirar esses dados do serviço no momento em que for conveniente. É importante frisar que todo site tem uma política de privacidade. E o usuário, por muitas vezes, simplesmente ignora que tipo de informação é coletada, por exemplo, quando ele cria um login para comentar uma matéria. O Google, em seu compromisso com a transparência com os usuários, unificou seus mais de 60 termos de privacidade, além de tornar o texto mais fácil de ser entendido para que o usuário possa realmente acompanhar e saber como seus dados são usados. E nesse texto, o usuário poderá ler e compreender que ele tem à sua disposição controles de privacidade que permitem escolher qual informação quer compartilhar. É preciso deixar claro também que o Google não compartilha informação com terceiros nem vende dados, como empresas de crédito e de assinaturas de serviço constantemente fazem. E, mais do que tudo isso, que os usuários têm a liberdade de retirar todos os seus dados do Google, usando o Data Liberation Front. Na internet, a concorrência está sempre a um clique de distância. Mais do que serviços relevantes, as empresas precisam permitir que o usuário escolha como seus dados serão usados. São eles que desenham o limite.”
Legislativo
“As empresas não podem se valer de práticas de obtenção de dados de forma obscura. A maioria dos usuários do Google, Facebook, Twitter, quando disponibiliza seus dados, jamais imagina que essas informações serão objeto de negócio no mercado publicitário. Não há uma política de esclarecimentos por parte dessas empresas. Essas relações precisam ser transparentes, de forma a permitir que o usuário que desejar receber anúncios dirigidos em suas caixas de e-mail, possa ter esse serviço, mas, por outro lado, preserve os usuários que não queiram que suas informações sejam comercializadas no mercado publicitário, ou nem sequer mapeadas ou rastreadas. O consumidor, ou internauta, precisa ser protegido, pois é a parte mais fraca da relação de consumo. Hoje, o que ocorre é que todas as informações, inclusive palavras-chave do e-mail, são rastreadas, para montagem de perfis, bancos de dados, e essas informações e rastros de navegação dos usuários, lançadas no mercado, geram bilhões. Entretanto, o argumento das empresas para vasculhar até e-mails dos usuários é de que poderão oferecer uma melhor navegação e oferecer produtos do interesse dos usuários. Mas escondem o grande comércio que existe com a aquisição dessas informações. Além disso, as empresas buscam também coibir ações judiciais de usuários, como o Google, por exemplo, que impede ações fora da Comarca de Santa Clara, na Califórnia. Esse tipo de restrição judicial também colide com as leis do nosso País.”
Direito
“Há uma lacuna normativa e regulatória com relação à proteção de dados no Brasil. Não existe uma lei específica estabelecendo princípios, normas e responsabilidades, tampouco uma autoridade competente para fiscalizá-lo e evitar abusos. Um cenário extremante complicado se levarmos em conta a potencialização da coleta e perfilação dos dados possibilitada pela internet e pelas novas ferramentas tecnológicas, utilizadas tanto pelas empresas quanto pelo poder público. Nesse quadro, o consumidor se torna ainda mais vulnerável, com poucas chances de ver concretizado seu direito fundamental à privacidade e à intimidade garantido pela Constituição. A ele resta a dependência das políticas de privacidade das empresas, ora inexistentes, ora em completo descompasso com outros diplomas legais, como o Código de Defesa do Consumidor. Não há compromisso das empresas com o tratamento qualitativo, responsável, seguro e autorizado dos dados. Isso fica evidente se atentarmos para a quantidade de publicidade massiva e direcionada, veiculada pelos meios eletrônicos diariamente. E traz consequências sérias, como a discriminação e o monitoramento no mercado de consumo. Nesse sentido, preocupa muito a grande concentração de serviços diferentes nas mãos do mesmo fornecedor, como é o caso de Google, Facebook e outras (poucas e) grandes empresas. O cruzamento dos dados pessoais é catalizado, torna-se inevitável e fatalmente trará danos aos consumidores.”
Anunciante
“O principal limitador é a falta de transparência na coleta dos dados, assim como a falta de segurança e confidencialidade com que são tratados. Esse receio referente à privacidade ocorre, muitas vezes, pelo fato de os veículos deixarem as informações ‘vazarem’, como quando o Facebook permitiu o acesso a informações pessoais de seus usuários devido a um bug. Na União Europeia, foi desenvolvida uma lei que visa dar aos consumidores mais informações sobre os dados armazenados sobre eles, sendo que, antes de ser solicitado o seu consentimento, os usuários devem ser informados sobre o uso dos dados recolhidos. Porém, em maio de 2011 a Comissão Europeia já considerava processar 24 países por ainda não terem transposto para o direito nacional as novas diretrizes. Para que isso ocorra bem no Brasil, haverá a necessidade de um esforço conjunto das empresas com o governo. Além da necessidade da transparência, é preciso reforçar que a utilização dos dados está longe de ser considerada uma invasão de privacidade, pois é a utilização com inteligência dos rastros deixados pelos usuários em um banco de dados anônimo e que contém uma diversidade enorme de variáveis. O intuito é a correta interpretação dessas variáveis, onde é possível agrupar em perfis os consumidores que navegam por determinada plataforma ou que visualizam determinado conteúdo na internet, entre outros. Se bem utilizados, o próprio internauta sairá ganhando com a utilização dos dados.”
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Nos laços (fracos) da internet Em nenhum outro país as redes sociais on-line têm alcance tão grande quanto no Brasil, com uma audiência mensal de 29 milhões de pessoas. Mas ter milhares de amigos virtuais não deixa ninguém menos solitário
Diogo Schelp
As redes sociais na internet congregam 29 milhões de brasileiros por mês. Nada menos que oito em cada dez pessoas conectadas no Bra-sil têm o seu perfil estampado em algum site de relacionamentos. Elas usam essas redes para manter contato com os amigos, conhecer pessoas – e paquerar, é claro, ou bem mais do que isso. No mês passado, uma pesquisa do Ministério da Saúde revelou que 7,3% dos adultos com acesso à internet fizeram sexo com alguém que conheceram on-line. Os brasileiros já dominam o Orkut e, agora, avançam sobre o Twitter e o Facebook. A audiência do primeiro quintuplicou neste ano e a do segundo dobrou. Juntos, esses dois sites foram visitados por 6 milhões de usuários em maio, um quarto da audiência do Orkut. Para cada quatro minutos na rede, os brasileiros dedicam um a atualizar seu perfil e bisbilhotar o dos amigos, segundo dados do Ibope Nielsen Online. Em nenhum outro país existe um entusiasmo tão grande pelas amizades virtuais. Qual é o impacto de tais sites na maneira como as pessoas se relacionam? Eles, de fato, diminuem a solidão? Recentemente, sociólogos, psicólogos e antropólogos passaram a buscar uma resposta para essas perguntas. Eles concluíram que essa comunicação não consegue suprir as necessidades afetivas mais profundas dos indivíduos. A internet tornou-se um vasto ponto de encontro de contatos superficiais. É o oposto do que, segundo escreveu o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), de fato aproxima os amigos: "Eles precisam de tempo e de intimidade; como diz o ditado, não podem se conhecer sem que tenham comido juntos a quantidade necessária de sal".
Por definição, uma rede social on-line é uma página na rede em que se pode publicar um perfil público de si mesmo – com fotos e dados pessoais – e montar uma lista de amigos que também integram o mesmo site. Como em uma praça, um clube ou um bar, esse é o espaço no qual as pessoas trocam informações sobre as novidades cotidianas de sua vida, mostram as fotos dos filhos, comentam os vídeos caseiros uns dos outros, compartilham suas músicas preferidas e até descobrem novas oportunidades de trabalho. Tudo como as relações sociais devem ser, mas com uma grande diferença: a ausência quase total de contato pessoal.
Os sites de relacionamentos, como qualquer tecnologia, são neutros. São bons ou ruins dependendo do que se faz com eles. E nem todo mundo aprendeu a usá-los a seu próprio favor. Os sites podem ser úteis para manter amizades separadas pela distância ou pelo tempo e para unir pessoas com interesses comuns. Nas últimas semanas, por exemplo, o Twitter foi acionado pelos iranianos para denunciar, em mensagens curtas e tempo real, a violência contra os manifestantes que reclamavam de fraudes nas eleições presidenciais. Em excesso, porém, o uso dos sites de relacionamentos pode ter um efeito negativo: as pessoas se isolam e tornam-se dependentes de um mundo de faz de conta, em que só se sentem à vontade para interagir com os outros protegidas pelo véu da impessoalidade.
O sociólogo americano Robert Weiss escreveu, na década de 70, que existem dois tipos de solidão: a emocional e a social. Segundo Weiss, "a solidão emocional é o sentimento de vazio e inquietação causado pela falta de relacionamentos profundos. A solidão social é o sentimento de tédio e marginalidade causado pela falta de amizades ou de um sentimento de pertencer a uma comunidade". Vários estudos têm reforçado a tese de que os sites de relacionamentos diminuem a solidão social, mas aumentam significativamente a solidão emocional. É como se os participantes dessas páginas na internet estivessem sempre rodeados de pessoas, mas não pudessem contar com nenhuma delas para uma relação mais próxima. A associação entre a sensação de isolamento e o uso compulsivo de comunidades virtuais foi observada em pesquisas com jovens na Índia, na Turquia, na Itália e nos Estados Unidos. Na Austrália, um estudo da Universidade de Sydney com idosos mostrou que aqueles que usam a internet principalmente como uma ferramenta de comunicação tinham um nível menor de solidão social. Já os entrevistados que preferiam usar os computadores para fazer amigos apresentaram um alto grau de solidão emocional.
Ao contrário do e-mail, sites como Orkut, Facebook e Twitter, por sua instantaneidade, criaram esse novo tipo de ansiedade: a de ficar sempre plugado para evitar a impressão de que se está perdendo algo. Lev Grossman, colunista de tecnologia da revista americana Time, revelou há pouco ter decidido cancelar sua conta no Twitter porque percebeu que estava ficando mais interessado na vida alheia do que na própria. A produtora cultural Liliane Ferrari, de São Paulo, é extrovertida e comunicativa. No entanto, como trabalha em casa e tem uma filha pequena, considera ter pouco tempo para se encontrar pessoalmente com os amigos. Em compensação, passa duas horas por dia atualizando e conferindo os 21 sites de relacionamentos e blogs dos quais faz parte. Mas já está ficando apreensiva. "Quando fico conectada com um monte de gente por muito tempo, tenho a impressão de que, no fundo, não conheço ninguém. É uma coisa meio esquizofrênica, parece que estou ficando louca", diz Liliane. Ela não tem dúvida de que, em relação aos amigos mais íntimos, nada substitui o contato pessoal. "Quando se desabafa com um amigo pela internet, alguns sinais de afetividade são deixados de lado, como o olhar, a expressão corporal e o tom de voz", diz a psicóloga Rita Khater, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
As amizades na internet não são sequer mais numerosas do que na vida real. De nada adianta ter 500 ou 1 000 contatos no Orkut. É impossível dar conta de todos eles, porque o limite das relações humanas é estabelecido pela biologia. O número máximo de pessoas com quem cada um de nós consegue manter uma relação social estável é, em média, de 150, segundo o antropólogo inglês Robin Dunbar, um dos mais conceituados estudiosos da psicologia evolutiva. Dunbar observou que o tamanho médio dos conjuntos de diferentes espécies de primata depende do tamanho do seu cérebro. Extrapolando a lógica para o Homo sapiens, o pesquisador chegou ao seu número mágico, confirmado pela análise de diversos grupos humanos ao longo da história. Sua teoria é que, desde o paleolítico, nossos ancestrais foram desenvolvendo a linguagem ao mesmo tempo em que ampliavam o seu círculo social – ou seja, aqueles indivíduos com quem se acasalavam, faziam alianças, fofocavam, cooperavam e, eventualmente, brigavam. Amigos, numa versão mais rudimentar. Há cerca de 10 000 anos, chegou-se ao limite calculado por Dunbar, estabelecido pela impossibilidade de o ser humano aumentar a sua capacidade cognitiva, o que inclui as habilidades de comunicação.
Dunbar começou a estudar o assunto na década de 90 e, agora, o seu cálculo está sendo confirmado nos sites de relacionamentos. Em média, o número de contatos nos perfis do Facebook e de seguidores no Twitter é de 120 pessoas. No Orkut, cada brasileiro tem cerca de 100 amigos. Mesmo quem foge do padrão e consegue amealhar alguns milhares de companheiros virtuais não conhece, de fato, muito mais do que uma centena. A cantora Marina de la Riva tem, entre Orkut, Facebook e MySpace, 4 700 contatos. "Mas não me comunico com mais do que 100 deles", diz Marina. O número de Dunbar, 150, não é uma unanimidade entre os cientistas. Valendo-se de uma metodologia diferente, um grupo de antropólogos americanos, entre os quais Russell Bernard, da Universidade da Flórida, concluiu que, nos Estados Unidos, os laços de amizade de uma pessoa podem chegar a 290. Cento e cinquenta ou 290 pessoas: não importa qual seja a cifra, ainda está muito longe do número de amigos que os mais ativos apregoam ter na rede eletrônica. "A internet é muito boa para administrar amizades já existentes, garantindo sua continuidade mesmo a grandes distâncias, mas é ruim para criar do zero relações de qualidade", disse Dunbar à revista.
Existem diferentes níveis de amizade, é lógico. As mais distantes são mais abundantes. É o que se chama, em sociologia, de "laços fracos". Relações sociais estáveis como as estudadas por Dunbar e Bernard são chamadas, por sua vez, de "laços fortes". Dentro dessa categoria há um núcleo reduzido de confidentes, que não costumam passar de cinco. Esses são os amigos do peito, com quem podemos contar sempre, mesmo nos piores momentos. As mulheres costumam ter um núcleo de confidentes maior que o dos homens. A característica se repete na internet. No Facebook, por exemplo, um homem com 120 contatos na lista responde com frequência aos comentários de sete amigos, em média. Entre as mulheres, esse número sobe para dez. "As mulheres têm mais facilidade para fazer amizades próximas do que os homens", diz a antropóloga Claudia Barcellos Rezende, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Já os homens se especializaram em estabelecer um número maior de relações, mas com um grau de intimidade menor. Em termos evolutivos, isso se explica pela necessidade do homem de sair para buscar o sustento, fazendo alianças temporárias com uma quantidade maior de indivíduos, enquanto as mulheres ficavam com os filhos e se juntavam às outras mães para proteger a prole.
A vida moderna, curiosamente, pode estar tornando as relações de amizade mais masculinizadas. "O tamanho médio do núcleo de amigos próximos parece estar diminuindo, enquanto a rede de contatos fracos aumenta", disse a VEJA o sociólogo Peter Marsden, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Ou seja, cresceram as relações superficiais, efêmeras, e reduziram-se as mais afetivas, profundas. A tendência é reproduzida à perfeição – e intensificada – nas redes sociais on-line. É como se a maioria das relações fosse estratégica, tal como as dos homens das cavernas. "Nesses sites, é possível manter os relacionamentos a uma distância segura. Ou seja, aproximações e afastamentos se dão na medida do necessário", afirma Luli Radfahrer, professor de comunicação digital da Universidade de São Paulo. Um exemplo conhecido dos adeptos do Orkut no Brasil são os ex-colegas de escola que, depois de anos sem se comunicar e mesmo sem ter nenhuma afinidade pessoal, passam a engordar a lista de amigos virtuais uns dos outros. Quando conveniente, o contato é retomado para resolver questões práticas. Esses laços fracos são muito úteis, por exemplo, para descobrir oportunidades de trabalho. Amigos próximos são menos eficientes em tal quesito porque, em geral, circulam no mesmo meio e têm acesso às mesmas informações. Uma das redes sociais com o maior crescimento de adeptos no mundo é justamente o LinkedIn, especializado em estabelecer vínculos profissionais.
Na internet, é fácil administrar uma enorme rede de contatos, com pessoas pouco conhecidas, porque estão todos ao alcance de um clique. A lista de amigos virtuais é uma espécie de agenda de telefones, com a vantagem de não ser necessário ligar para todos uma vez por ano para não ser esquecido. Basta manter o perfil atualizado e acrescentar à página comentários sobre, por exemplo, suas atividades cotidianas. Isso cria um efeito conhecido como "sensação de ambiente". É como se cada um dos contatos de determinada pessoa estivesse fisicamente presente no momento em que ela reclama de uma coceira nas costas ou comenta sobre a música que está ouvindo. O Twitter explora esse princípio na sua forma mais crua, ao incitar os seus participantes a responder em apenas 140 caracteres à pergunta: "O que você está fazendo?". Os comentários vão de "comendo pão de queijo" a observações espirituosas sobre a vida. O fluxo constante de informações pessoais cria um paradoxo: ao mesmo tempo que ele é necessário para cativar a atenção dos amigos virtuais, pode pôr em risco a imagem pública do indivíduo. Certamente seria embaraçoso para um candidato a um emprego que o seu futuro chefe lesse a seguinte revelação encontrada pela reportagem de VEJA em um perfil do Orkut: "No colégio, eu tinha o hábito de bater no bumbum das alunas com uma régua, quando elas passavam pela minha mesa".
Cada perfil nos sites de relacionamentos pode ser comparado a um pequeno palco. Esse exercício até certo ponto teatral é, no entanto, apresentado a uma audiência invisível. "Como não estamos vendo nossos espectadores, somos incapazes de observar sua reação ao que estamos fazendo e, com isso, ficamos à vontade para nos expor mais do que seria prudente", disse a VEJA Barry Wellman, professor de sociologia da Universidade de Toronto, no Canadá. As táticas para driblar a superexposição nas redes sociais on-line são variadas. Há quem mantenha dois perfis no mesmo site: um para laços fracos, com informações pessoais mais contidas, e outro para laços fortes, em que se pode permitir um grau de exposição maior. A atriz Mel Lisboa teve, durante algum tempo, um perfil com pseudônimo no Orkut, por meio do qual mantinha contato apenas com os amigos mais próximos. Quando os fãs descobriram, ela passou a receber pedidos incessantes de entrada em sua lista de amigos. "Era uma situação complicada, porque eu não estava ali para divulgar o meu trabalho", diz Mel. "Eu ficava sem graça de recusar um pedido de autorização e acabei desistindo do Orkut." Atualmente, há uma página com o nome e a foto dela no site, mas é falsa. Alguém se passa por ela. Outra forma de manter a privacidade on-line é usar os filtros, disponíveis em muitos sites, que permitem selecionar quais amigos podem ver determinadas partes do perfil pessoal.
A necessidade de classificar os contatos virtuais na sua página do Orkut ou do Facebook segundo o grau de intimidade desafia um dos princípios da amizade verdadeira: a total reciprocidade. Na vida real, o desnível da afinidade que uma pessoa sente pela outra costuma ficar apenas implícito na relação entre elas. Na internet, ele é escancarado. Pode-se simplesmente bloquear o acesso de certos amigos a determinadas informações. Além disso, ela não estimula aquele tipo de solidariedade que faz com que dois amigos de carne e osso aturem, mutuamente, os maus momentos de ambos. Esse grau de convivência e aceitação de azedumes ou mesmo defeitos alheios é quase inexistente nas redes sociais. Quando alguém começa a incomodar, é ignorado ou deletado. "Se o objetivo é um vínculo afetivo maior, é preciso se encontrar pessoalmente", resume candidamente Danah Boyd, pesquisadora do Microsoft Research, um laboratório inaugurado em Massachusetts pela empresa de Bill Gates para o estudo do futuro da internet.
Ao fim e ao cabo, usar as redes sociais para fazer uma infinidade de amigos – quase sempre não muito amigos – é uma especialidade de Brasil, Hungria e Filipinas, países que têm o maior número de usuários com mais de 150 contatos virtuais. Uma pesquisa nos Estados Unidos, por exemplo, mostrou que 91% dos adolescentes usam os sites apenas para se comunicar com amigos que eles já conhecem. Parecem saber que, como dizia Aristóteles, amigos verdadeiros precisam ter comido sal juntos. O que você está esperando? Saia um pouco da sua página virtual, pare de bisbilhotar a dos outros, dê um tempo nas conversinhas que só pontuam o vazio da existência e vá viver mais.
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Rede Globo - 20/08/2011 06h42- Atualizado em
20/08/2011 06h43
Público e privado na era da internet
Professora da UFRJ chama a atenção para o monitoramento dos rastros de navegação feito por empresas, muitas vezes sem a autorização dos usuários
Graças à internet, é possível a difusão de conteúdos e informações que eram, até então, quase um monopólio de empresas de comunicação. No entanto, o mesmo meio que permite com facilidade uma cobertura de um show ou de manifestação em tempo real também pode ser usado – e, com frequência, é – para trivialidades, como a exposição da própria intimidade a níveis sem precedentes na história.
“Na internet isso se dá de várias maneiras: das maneiras mais banais e, eventualmente, de formas que podem dar origem a ações coletivas e políticas. As pessoas olham muito para o quanto de privacidade está se deixando para trás e olham pouco para o tanto de vida pública que se está constituindo também. Vale mais a pena se perguntar que tipo de vida pública, de trocas sociais se está produzindo, do que o tipo de privacidade está se perdendo”, diz a professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do CiberIdea: Núcleo de Pesquisa em Tecnologias da Comunicação, Cultura e Subjetividade/UFRJ, Fernanda Bruno.
Mas a professora chama a atenção para dois níveis de privacidade na rede. O primeiro, mais visível, é aquele relacionado à exibição de vídeos e fotografias, à publicação textos pessoais ou até mesmo comentários despretensiosos que, em outras épocas, só diziam respeito a quem o fez. O outro aspecto da perda de privacidade na web é ignorado por grande parte dos internautas: os rastros deixados pela navegação de cada indivíduo.
“As corporações que fazem tanto os fluxos de dados quanto as plataformas de produção de conteúdo são também plataformas de captura de dados. Essa dimensão é muito mais importante e urgente, política e socialmente, do que a preocupação com as pessoas falando de suas vidas na internet. Esses rastros, capturados à nossa revelia, fazem não apenas a fortuna de certas corporações, mas são utilizados para prever tendências, comportamentos, interesses e têm o efeito de orientar políticas de ofertas de serviços e produtos”, alerta.
Fernanda conta que realizou recentemente uma pesquisa com os cinco sites mais acessados no Brasil e as duas principais redes sociais. Segundo a professora, o estudo mostrou que as empresas utilizam uma enormidade de arquivos (cookies e beacons) para monitorar a navegação na internet, muitas vezes sem oferecer a opção de não acioná-los.
“Fizemos uma enquete com usuários de redes sociais. Eles são muito atentos quanto aos dados exposto para o olhar de outras pessoas dentro ou fora da plataforma, mas são pouco preocupados com a captura dos dados por parte da própria plataforma. Muitas vezes, eles até sabem, mas não dimensionam o alcance do uso e as razões pelas quais esses dados são capturados”, revela.
Para Fernanda, porém, as fronteiras do que é público e do que é privado na internet ainda não estão consolidadas. Neste jogo de forças, há interesses de diferentes setores da sociedade: desde os dos próprios usuários até os das corporações, passando pelos pleitos do Estado e pelos dispositivos jurídicos que tentam regular e definir o que é ou não privacidade na rede.
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O mau uso
da internet tem engendrado terríveis problemas aos seus navegadores
descuidados. Há muitos os que são caçadores de particularidades, tendo por
objetivo o seu uso em golpes, em detrimento econômico e ou moral dos desatentos
em fornecer dados íntimos.
Orkut, email, facebook são
ferramentas que tem se tornado cada vez mais importante na vida das pessoas. Em
um mundo globalizado, onde nova ordem financeira, o capitalismo, exige das
pessoas mais trabalho, mais estudos, mais capacitação, mais rapidez nas
comunicações, tudo para gerar mais lucro, a internet surgiu para intensificar e
dinamizar tais exigências. Sendo assim, o tempo tem se tornado, cada vez mais
diminuto para as pessoas que tem o dia-a-dia aborbado, e muitas das vezes
precisam terminar suas tarefas em casa, através da internet.
Por outro lado, há aqueles que,
por temerem sair de casa devido a violência, se comunicam com os outros pelas
redes sociais.
Seja por medo, seja por
ociosidade ou ainda por necessidade, a comunicação via internet se configura
hoje como um bem cuja falta geraria um transtorno sem precedentes.
Há de se notar que existe,
deveras, um perigo próximo para os que fazem o uso das redes sem os devidos
cuidados, pois estes se expõem, revelam intimidades e particularidades que ao
caírem nas mãos de rackeres, estes podem provocar danos e perdas, talvez
irreparáveis, de ordem financeira, moral e até da própria vida. Casualmente são
colocados, pelos criminosos, fotos em sites ou vídeos de pessoas no you tube,
causando portanto situações desconfortáveis para estas.
A importância das redes nas
relações sociais é inquestionável, no entanto há de salientar que é
imprescindível tomar-mos cuidado quanto as divulgações de informações nas
redes, porque não se sabe das reais intenções de quem está do outro lado da
tela.
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http://capaciteredacao.forum-livre.com/t1495-viver-em-rede-no-seculo-xxi-os-limites-entre-o-publico-e-o-privado
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Participar de uma rede social
tornou-se quase uma obrigação.
A
vida privada deixou de ser algo particular, nos perfís de Orkut, Facebook,
entre outros; os internautas postam fotos do dia a dia, de festas, do trabalho,
da família, do carro novo que adquiriu...
Consequentemente as pessoas
estão se expondo à perigos, pois, a partir das redes sociais bandidos conseguem
muitas informações, sobre suas possíveis vítimas.
Um exemplo é o Twitter, que está
se expandindo rapidamente, e de acordo com pesquisas tem o maior número de
adeptos a cada minuto, nele as pessoas criam seus perfís, vão acrescentando
seguidores, quanto maior o número de seguidores, mais popular a pessoa. Nas
mensagens curtas e objetivas os usuários enviam para milhares de seguidores, o
que estão fazendo, pensando, onde vão estar em determinado momento, e assim
segue a exposição de fatos e acontecimentos do seu cotidiano.
Logo, o que era privado no
século passado passou a ser público, expandindo uma forma de exibicionismo e
expondo os usuários aos riscos dessa exposição.
As
redes sociais deveriam ser utilizadas para disseminar o conhecimento,
ocasionando assim a troca de informações úteis.
Uma maneira eficaz, seria, criar uma norma, onde em
cada acesso diário da rede, o internauta deva expor o que aprendeu no seu dia,
ou o que fez em pról de alguém, iso acrescentará mais conteúdo às redes sociais
e diminuirá os riscos decorrentes da exposição exagerada.
- http://flordolacio.forumeiros.com/t333-viver-em-rede-no-seculo-xxi-limites-entre-o-publico-e-o-privado
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Quinze minutos de
privacidade
Quando afirmou que, no futuro,
todos teriam direito a quinze minutos de fama, Andy Warhol indicou o desejo
pela fama como uma tendência da sociedade de massa. A famosa frase foi cunhada
no fim da década de 1960, quando a internet só existia como uma rede acentrada
ainda com objetivos militares. Hoje, a grande rede se faz presente em boa parte
das atividades cotidianas, como as próprias relações interpessoais, uma
"'evolução" que transformou a crítica do conhecido artista plástico
em uma espécie de profecia a ser seguida. O problema, nesse caso, é que a vida
virtual muitas vezes elimina a tênue fronteira entre o público e o particular.
Basta
ter uma conta de e-mail ou navegar eventualmente pela internet para perceber os
perigos que ela oferece. De fato, invasões de contas e crimes de diversas
naturezas tornam a rotina em banda larga pouco segura, transformando
informações sigilosas em conteúdo público com a mesma velocidade da comunicação
em tempo real. Embora haja uma discussão acerca da correção do caso, o trabalho
da organização conhecida como "Wikileaks" evidencia como nem mesmo
empresas e governos, com suas redes de seguranças supostamente seguras, estão
imunes a esses riscos.
Nem sempre, porém, o problema é
fruto de invasões e crimes: o desejo pela exposição e pelo reconhecimento
virtual tem levado a perigosos exageros na vida real. Por trás de perfis em
redes sociais e de pseudônimos em chats e blogs, muitas pessoas expõem suas
intimidades, com frases ou fotografias comprometedoras profissional e
socialmente. Prova disso são os casos de demissões e processos causados pela
publicação de conteúdos considerados inapropriados, mesmo que isso tenha sido
feito em ambientes tipicamente "pessoais". Assim, trata-se de uma
ilusão imaginar que a vida em bytes, revelada no interior de um quarto fechado,
possa ser dissociada da vida em carne e osso, em ruas e calçadas.
Diante de um panorama complexo,
repleto de variáveis, é fundamental buscar caminhos para o estabelecimento de
limites entre o público e o privado na grande rede. O primeiro passo deve ser
dado pelos governos, com a criação e o aprimoramento de legislações específicas
e mecanismos de identificação e punição capazes de inibir crimes relacionados a
invasões de privacidade e manifestações preconceituosas. Afinal, o que é
sociamente ilegal e imoral na vida real também o é na internet. Na mesma
perspectiva, a mídia pode divulgar - tanto no noticiário quanto em dramaturgias
- os perigos da exposição na internet, de modo a sensibilizar a sociedade.
Fica claro, portanto, que são
necessárias medidas urgentes para evitar uma confusão danosa entre o particular
e o público na internet. Contudo, a transformação profunda deve ser feita na
nova geração de crianças e adolescentes, que já nasceu e vem crescendo em um
ambiente paralelamente real e virtual. Por isso, o trabalho de ONGs e,
sobretudo, de escolas parece ser a solução mais eficaz. Com aulas e palestras
sobre o uso seguro e socialmente adequado da internet, é possível imaginar um
futuro em que menos pessoas se prejudiquem com a vida em banda larga, e mais
indivíduos usem esse recurso para, por exemplo, compreender melhor a frase de
Andy Warhol.
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